Bispo e padres recordam Bento XVI

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Da Assessoria

O funeral de Bento XVI, que morreu no último sábado (31) aos 95 anos, começou pontualmente às 5h30 (horário de Brasília) desta quinta-feira (5) na Praça São Pedro, no Vaticano. A cerimônia foi presidida pelo Papa Francisco, concelebrada pelo cardeal Giovanni Battista Re e acompanhada por ao menos 50 mil pessoas, segundo a Santa Sé. Durante os oitos anos de seu pontificado, Papa Bento esteve com o bispo Dom Sergio Arthur Braschi, e ao menos dois padres da Diocese: Edvino Sicuro e Delsi Zamboni.

Foi também Bento XVI quem nomeou bispo o padre ponta-grossense Francisco Carlos Bach, atual bispo de Joinville. Dom Francisco foi o primeiro bispo paranaense nomeado no seu pontificado. De acordo com o bispo Dom Sergio, o Papa Joseph Ratzinger nos deixou como uma vela que vai pouco a pouco se consumindo, iluminando e dando calor a todos ao seu redor. “Uma vida longa de serviço fiel, dedicado a Cristo e à Igreja. Deixa um exemplo maravilhoso de uma vocação vivida com fidelidade, obediência a todos os encargos que a Igreja lhe pedia, sejam pequenas tarefas, como professor, sacerdote em Munique, até os mais altos cargos da Santa Sé, finalizando a sua grande caminhada como sumo pontífice.

Maravilhoso exemplo nesse ano vocacional que estamos vivendo de uma vocação que é dom de Deus e, ao mesmo tempo, que é graça e missão”, enaltece o bispo. Dom Sergio destaca que Bento XVI foi um grande teólogo, um grande catequista. “Alguém que procurava esclarecer como tivemos ao longo da história Tomás de Aquino, Agostinho, grande luminares, que conseguiam traduzir a fé de uma maneira simples, compreensível e muito profunda. Certamente será reconhecido como doutor da Igreja. A lembrança muito viva que tenho é a da visita ad limina dos bispos do Paraná, em 2010, quando me aproximando dele, por duas ocasiões, em particular, ele me perguntou sobre Ponta Grossa, sobre o mosteiro beneditino que há aqui – ele tinha grande interesse e admiração por São Bento e pelos beneditinos – e perguntou sore a caminhada da nossa Igreja, que está indo para os 100 anos.

Recordo com muita gratidão as suas mãos, que apertavam as mãos da gente enquanto nos olhava nos olhos, nos falando com muito carinho, intimidade. Diferente de outros personagens que a gente, às vezes, encontra rapidamente, ele marcava pelo carinho, pela atenção que dava a cada um dos que se aproximava dele. Bastante tímido, mas com essa intensidade. Recebi isso (esse carinho e atenção) em nome da Diocese”, lembra. Padre Edvino Sicuro, em 2007 estava em Roma, onde fazia as traduções na Rádio Vaticano das celebrações do então Papa Bento XVI. “Eu estava celebrando 25 anos de sacerdócio e pedi ao padre Lombardi, que era o nosso coordenador e também porta-voz do Papa, sobre a possibilidade de um encontro pessoal com o pontífice.

Recebi um cartão especial, onde estava escrito que eu podia entrar na fila do chamado ‘bacio sulla mano’, o beijo na mão, quando, no final da audiência, o Papa passava e se encontrava com quem estava na primeira fila. O coração exultou de alegria. Imagina? Alguém que está traduzindo as palavras do Papa para o Brasil poder falar com ele pessoalmente? Fui à audiência. Quando terminou e ele veio perto, me senti tremer. Não sabia o que falar. Disse que estava ali para pedir uma benção especial pelos 25 anos de sacerdócio e para os meus amigos. Contei para ele que traduzia as missas dele na Rádio Vaticano, ele sorriu e disse: ‘está traduzindo direito? ’. Respondi que ele podia conferir os áudios. Ri com ele. Me abençoou e me deu um rosário”, conta o sacerdote. 

Segundo padre Edvino, o Papa pessoalmente era muito simpático. “Na imagem da televisão parece alguém sisudo, fechado, mas brincou comigo, riu, mudou totalmente a visão que tinha dele. Tinha uma Teologia muito profunda. Percebia-se isso na tradução das missas. A humildade era um detalhe que o secretário particular dele sempre mencionou. (Encontrar com ele) foi uma experiência muito grande. Agradeço a Deus. Nesses dias de seu falecimento deu um sofrimento. Foi uma pessoa que marcou minha estadia em Roma. Tenho uma foto com ele e guardo no coração sua benção e o rosário”, acrescenta padre Edvino. 

O reitor do Santuário Sagrado Coração de Jesus, padre Delsi Zamboni, também esteve com o Papa Bento, mas em 2010. “Tive a graça de participar em Roma de uma audiência geral, na quarta-feira. Nessa audiência, a graça maior foi estar em uma primeira fileira e poder saudar o Papa. Foi o coroamento de toda a minha alegria. Um encontro muito rápido, não sei se durou 30 segundos, disse meu nome e de onde eu era. Mas, pegar na mão, receber um terço dele, sentir o carinho, a atenção dele me comoveu muito”, recorda padre Delsi.  

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