Projeto leva tropeirismo a mais de mil alunos em dez cidades do Paraná com oficinas, música e jogo educativo
Iniciativa do artista Silvestre Alves finalizou circuito cultural com ações interativas sobre a história e legado dos tropeiros no estado
Da Redação
Castro – O multiartista, professor e pesquisador Silvestre Alves encerrou oficialmente o projeto “Tropeirismo: Caminhos do Saber”, iniciativa cultural que percorreu dez municípios paranaenses ao longo de 2025 levando conhecimento, música e interatividade para mais de 1.200 alunos da rede pública. Com oficinas e um jogo de tabuleiro em tamanho gigante, o projeto promoveu uma verdadeira imersão no universo dos tropeiros — figuras centrais da formação histórica, econômica e cultural do Paraná.
Selecionado pelo Programa Estadual de Fomento e Incentivo à Cultura (Profice), do Governo do Paraná, o projeto teve início em agosto de 2024 com a criação do Jogo do Tropeiro e contou com produção da ABC Projetos Culturais. Foram realizadas 35 oficinas nos municípios de Castro, Piraí do Sul, Imbituva, São Mateus do Sul, Palmeira, Lapa, Jaguariaíva, Telêmaco Borba, Palmas e União da Vitória.
Aprendizado com arte e ludicidade
Durante as oficinas, os estudantes participaram de uma versão em tamanho real do Jogo do Tropeiro, com tabuleiro em lona gigante, acompanhada por músicas compostas e interpretadas por Silvestre Alves. A proposta era ensinar de forma lúdica os diversos aspectos do tropeirismo — desde as rotas comerciais e os obstáculos enfrentados até elementos do folclore e da cultura material dos tropeiros.
O conteúdo foi direcionado a estudantes do 5º ano do ensino fundamental e também contemplou a formação de professores, com oficinas específicas publicadas gratuitamente no YouTube. “O jogo aborda questões econômicas, sociais, geográficas, ambientais e culturais. E o melhor: transforma o aprendizado em experiência”, explicou Silvestre, que há 18 anos pesquisa o tema.
Material didático acessível
Ao todo, 390 jogos foram distribuídos às escolas dos municípios envolvidos. O jogo simula a jornada dos tropeiros do Rio Grande do Sul até São Paulo, passando por perigos como doenças e animais peçonhentos, e resgatando lendas do imaginário popular, como o saci e a mula-sem-cabeça. Além da diversão, os jogadores aprendem sobre a história, os instrumentos dos tropeiros e os valores da cultura do interior brasileiro.
“O fato de ter sido a rede pública de ensino a ser assistida com esse material aponta o cuidado com uma educação acessível e de qualidade”, destacou o artista. Para ele, o projeto representa a concretização de um sonho: “É muito importante promovermos ações que ajudem as pessoas a aprender, compreender e admirar seus vínculos de ancestralidade e pertencimento dentro do processo de construção social da nossa nação.”
Seminário e legado
Além das oficinas, o projeto realizou um seminário em Castro reunindo especialistas como Amélia Flügel, coordenadora do Museu do Tropeiro, Márcio Assad, fundador da Universidade Livre do Tropeirismo, e Antonio Liccardo, geólogo e autor de livros sobre geoturismo. O encontro reforçou a relevância do tropeirismo como patrimônio cultural e histórico do Paraná.
Segundo o historiador Fábio Holzmann Maia, o jogo desenvolvido por Silvestre tem qualidade didática e lúdica. “Essa produção é sem dúvida muito importante para o conhecimento do tema tropeirismo, trazendo um ganho significativo na construção do conhecimento histórico.”