Prefeitos de Jaguariaíva e Piraí do Sul discutem na Alep impacto do tarifaço americano sobre setor madeireiro

Audiência pública reuniu deputados, empresários e representantes governamentais; Jaguariaíva está entre os municípios mais afetados pelas demissões

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Da Redação*

Jaguariaíva – A crise no setor madeireiro paranaense, agravada pelas tarifas de 50% impostas pelos Estados Unidos sobre produtos brasileiros desde agosto, foi tema de uma audiência pública realizada na segunda-feira (29) na Assembleia Legislativa do Paraná (Alep). Entre os participantes estiveram os prefeitos de Jaguariaíva, Juca Sloboda, e de Piraí do Sul, Henrique Carneiro, que reforçaram a preocupação com os efeitos sociais e econômicos da medida sobre a região.

O encontro reuniu parlamentares, empresários e representantes do governo estadual. Jaguariaíva, onde a indústria madeireira tem forte presença, já contabiliza várias demissões e teme novas baixas. “Seguimos acompanhando a situação de perto e apoiando as ações que possam reduzir os impactos para a população e a economia local”, afirmou o prefeito José Sloboda.

Crise no setor

Desde 6 de agosto, os produtos de madeira passaram a ser taxados em 50% ao entrarem nos EUA. O Paraná, principal exportador brasileiro do setor para o mercado norte-americano, já soma quase 5 mil demissões, além de milhares de trabalhadores em férias coletivas ou afastados.

Embora a madeira seja apenas o sétimo produto mais exportado pelo Paraná, sua relevância é estratégica: representa 39% dos US$ 1,58 bilhão enviados aos EUA em 2025, superando até o setor metalmecânico (25%).

Um dos fatores que agravam o impacto é a dependência exclusiva do mercado norte-americano. Muitas indústrias, incluindo uma das maiores de Jaguariaíva, produzem itens voltados ao sistema de construção civil wood frame, sem alternativas comerciais em outros países. Apenas três fábricas no estado, que juntas empregam mais de 4 mil pessoas, fabricam molduras decorativas 100% destinadas aos EUA.

Concorrência desigual

A taxação brasileira é muito superior à aplicada a concorrentes internacionais: Chile (10%), Europa (15%), Indonésia (19%), Vietnã (20%) e China (35%). Esse cenário cria um risco de substituição permanente de fornecedores, podendo comprometer mercados conquistados pelo Paraná ao longo de décadas.

Medidas discutidas

Na audiência, foram apresentadas alternativas emergenciais, como linhas de crédito especiais, incentivos fiscais e programas federais de apoio às exportações. A intenção é reduzir os prejuízos imediatos e garantir a continuidade das atividades industriais.

Enquanto as negociações avançam, municípios como Jaguariaíva e Piraí do Sul seguem no centro da crise, com prefeitos e lideranças locais articulando medidas de proteção ao setor e tentando preservar empregos em uma das cadeias produtivas mais relevantes da economia regional.

*Com Assessoria

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