Matheus de Lara
Ponta Grossa – Morreu na madrugada desta terça-feira (3), em sua residência, o ator, cantor, diretor de teatro, escritor e professor Flavio Fanucchi, aos 66 anos, em Ponta Grossa. Referência cultural da cidade, se formou em letras pela Universidade Paulista (UNIP), Serviço Social pela Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), Canto Popular e Clássico pela Academia de Música Carol Ferreira e Comunicação Social na Fundação Educacional de Bauru, além de ser professor de teatro.
Flavio não deixa filhos. Conforme serviço funerário, não houve velório e o corpo seguiu direto para o Cemitério São José. O sepultamento aconteceu às 10 horas.
Homenagens
Pelas redes sociais são muitas as homenagens. Uma delas é a do secretário de Cultura de Ponta Grossa, Alberto Portugal. Em seu perfil no Facebook, ele lamentou: “Não me conformo com a notícia dessa manhã. Flávio Fann saiu de fininho, deixando a cultura menos colorida, menos intensa e menos histérica. “Histérico é teu rrrrrabo, mon Cher!” – diria ele, aos risos. Meu grande parceiro de palco, com quem trabalhei várias vezes e com quem tive brigas enormes e abraços mais enormes ainda. Literalmente uma perda. Em “Decadência”, apresentamos ora pra plateias imensas, ora pra uma pessoa só, e fizemos a coisa mais incrível acontecer. As pessoas saíram dos teatros entendendo que nunca é tarde pra correr atrás do sonho e que a vida não pode ser só pagar boletos. Com a morte de Flávio, morre também um pedaço importante de mim. Obrigado, Titia. Todos os aplausos e um beijo onde estiver. A sua história será lembrada por muitos”.
O ex-prefeito Jocelito Canto também se manifestou. “Quando ganhei a eleição em 97 ele tinha sido o grande artista da campanha do Péricles. Interpretava o hino de Ponta Grossa como ninguém. Passado a eleição tive o privilégio de poder trazer ele para nossa equipe da cultura por indicação do amigo Simões. Virei seu fã e o trabalho que ele fez na sua área pra cultura foi espetacular. Este episódio me ensinou que a cultura não tem lado político e sim profissional. Fizemos muitas parcerias rádio e TV. Um prefeito jovem aprendendo a respeitar quem faz cultura com amor. Vá com Deus Flavio”.
Para a castrense Mayka Wogue, o ponta-grossense apresentou a dor e a delícia dos palcos. “Com o delicioso Ambrósio de O Noviço de Martins Pena, você cantava, representava e nos encantava. Como amei sua Madame Ket, de Doméstica Graças a Deus, assisti dezenas de vezes. Como me emocionou com a Marchinha de Ponta Grossa e o espetáculo Uma Noite com Puccini. As longas horas de ensaio sob sua direção em O Beijo no Asfalto do Nelson Rodrigues, nunca esqueço suas palavras. ‘É loucura fazer Nelson Rodrigues em Ponta Grossa, mas você é abusada, seja o Arandir de corpo e alma’, e eu fui. Hoje, com a notícia de sua partida relembro nosso encontro com os Mestre Paulo Autran e Ary Fontoura, de como eu sorvia maravilhada os ensinamentos compartilhados. Agora olhando o closet de figurinos, do Canal Língua Solta, lembro nosso último encontro em sua casa e de suas palavras, ‘você saberá usar esses figurinos, use e continue criando’. Flávio, você me ensinou a arte de dirigir, de compor uma personagem, se hoje sou Mayka Wogue, grande parte devo a você. Obrigada meu amigo, as cortinas deste ato se fecharam, mas você continuará brilhando nos palcos do universo, eternas saudades”.
Confira uma das produções de Flavio;
Foto: Divulgação / Redes Sociais