Luana Dias
Uma campanha criada pela Sociedade Brasileira de Oftalmologia dedica o mês de junho à conscientização e orientação da população sobre o ceratocone. Uma doença que afeta a visão, sobre a qual pouco se ouve falar, mas, que segundo o Conselho Brasileiro de Oftalmologia, pode ser a causa de 20% dos transplantes de córnea realizados hoje. Junho Violeta, como é intitulada a campanha, tem como objetivo abordar temas relacionados à doença, assim como, os avanços, diagnósticos e a importância de seu acompanhamento e tratamento, conforme explica a oftalmologista castrense, Rosa Maria da Silva Ribeiro, “muitos pacientes não percebem o ceratocone em estágio inicial, quando a córnea começa a se curvar. Por este motivo, a Campanha Junho Violeta é extremamente importante para disseminar o conhecimento sobre a doença e incentivar a consulta com o oftalmologista ao primeiro sinal de perda visual, mesmo que pequeno”, declara.
Conforme descreve ela, ceratocone é uma doença genética que altera o formato da córnea (estrutura transparente da frente do olho). “Esta alteração é percebida pelo paciente através de distorção das imagens, ou seja, o sintoma principal é a visão embaçada para longe. Atinge principalmente pacientes jovens que chegam para consulta com esta queixa. Ao exame constatamos que a visão não melhora com os óculos, sendo necessário realizar o exame de Topografia para concluir o diagnóstico. Apesar de não provocar cegueira, a condição prejudica muito a acuidade visual”, destaca.
Apesar de a causa da doença ainda não ser conhecida, estatísticas mostram que 0,5% a 3% da população mundial sofre com o problema. Segundo a oftalmologista, alguns estudos indicam que o ceratocone está relacionado com mudanças físicas e bioquímicas da córnea, além disso, o hábito de coçar os olhos também estaria ligado à doença. “Muitos pacientes alérgicos tem o hábito de coçar os olhos e isto provoca o afinamento e o desequilíbrio metabólicos da córnea, uma das características da doença. Pessoas alérgicas tem que ter sua doença sob controle. Não coçar os olhos é uma boa conduta”, ressalta.
Diagnóstico
Somente o oftalmologista, através do exame de topografia, pode oferecer diagnóstico da doença com precisão. E, segundo Rosa Maria da Silva Ribeiro, a doença possui quatro fases, e diversos tratamentos, cuja indicação depende da gravidade e avanço do ceratocone. “Na fase inicial a visão pode ser corrigida com o uso de óculos. No estágio moderado, com o uso de lentes de contato rígidas específicas para ceratocone. No caso de intolerância às lentes de contato há a possibilidade do implante de anel intra-estromal. Se há a progressão da doença, o tratamento é o procedimento conhecido como Cross Link. Neste processo o uso de colírios de vitamina B2, associado à luz UVA emitida por uma fonte, aumenta a rigidez da córnea, trazendo estabilidade à estrutura. Nas etapas mais avançadas o tratamento baseia-se na cirurgia de transplante de córnea”, detalha a médica.