Jaguariaíva celebra 200 anos de história e progresso junto a Ponta Grossa nos Campos Gerais

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Emerson Teixeira

Jaguariaíva – No coração dos Campos Gerais, o município de Jaguariaíva comemora dois séculos de história neste dia 15 de setembro, data que também marca a fundação de sua vizinha, Ponta Grossa. Esse aniversário duplo é um marco na região, lembrando uma trajetória rica e cheia de transformações.

Fundadas como Freguesias em 1823 por um alvará do Imperador Dom Pedro I, as duas cidades tiveram origens distintas. Jaguariaíva, antes uma fazenda com hospedagens para tropas, e Ponta Grossa, já um bairro com administração própria, mostram a diversidade de trajetórias que moldaram os Campos Gerais.

O historiador e jaguariaivense, Rafael Pomim, um estudioso apaixonado pela história de Jaguaríaiva, conta que um dos períodos mais marcantes para Jaguariaíva foi o processo industrial entre os anos 1920 e 1950, quando o Frigorífico Matarazzo se instalou e trouxe consigo um grande fluxo imigratório, enriquecendo a cidade com diversas etnias e culturas. Esse período representa uma virada histórica nos dois séculos de existência do município.

No entanto, nem sempre os tempos foram de prosperidade. Entre 2006 e 2007, Jaguariaíva enfrentou uma crise política que atraiu atenção nacional, com sucessivas mudanças de prefeito e vice, que até foram alvo de piadas no Jornal Nacional, da Rede Globo. Esse episódio desafiou o desenvolvimento local, mas a cidade encontrou forças para se recuperar.

A chegada da ferrovia no início do século XX foi um evento transformador, impulsionando o progresso e alterando a geografia da cidade com a ocupação da Cidade Baixa, hoje o centro comercial. Esse desenvolvimento também atraiu o Conde Francesco Matarazzo, que escolheu Jaguariaíva devido à ferrovia para construir seu frigorífico.

Outro ponto de destaque na história de Jaguariaíva foi a criação de incentivos fiscais para empreendimentos florestais na década de 1960, levando ao plantio de milhares de hectares de pinus e eucalipto. Isso atraiu a PISA Papel Imprensa S.A., inaugurando uma fábrica em 1985 e contribuindo significativamente para a economia local.

Duas cidades em uma
A cidade se divide entre a Cidade Alta, onde nasceu, e a Cidade Baixa, resultado do desenvolvimento ferroviário. “Embora não tenha um Elevador Lacerda, Jaguariaíva conta com uma simpática “escadinha” que une essas duas partes”, brinca o historiador numa referência a cidade de Salvador, na Bahia.

Personagens
Na história de Jaguariaíva, destacam-se figuras como o Coronel Luciano Carneiro Lobo, elogiado pelo botânico Saint-Hilaire em 1820, e Izabel Branco e Silva, viúva do Coronel, que continuou a obra do marido na construção da Capela do Senhor Bom Jesus da Pedra Fria.

O Conde Francesco Matarazzo e seu filho, Conde Francisco Matarazzo Júnior, também tiveram papéis importantes no desenvolvimento industrial da cidade. Além disso, Moysés Lupion, governador do Paraná por dois mandatos, deixou um legado com obras fundamentais, como hospital, ginásio e fórum.

Momentos marcantes
Jaguariaíva não escapou de desafios naturais, sofrendo com enchentes, especialmente em 1954, que devastaram a Cidade Baixa, e com um incêndio florestal em 1963 que tirou a vida de muitos jovens da comunidade.

Um dos momentos mais significativos da história nacional foi a participação de Jaguariaíva na Revolução de 1930, quando a cidade literalmente pegou em armas para apoiar a chegada de Getúlio Vargas ao poder. Essa resistência marcou profundamente a cidade.

Preservação
A preocupação com a preservação da história sempre foi presente em Jaguariaíva. Em 2010, o Museu Histórico Municipal Conde Francisco Matarazzo foi inaugurado, tornando-se o guardião da memória local. Além disso, o historiador Rafael Pomim está finalizando um livro que registra a história bicentenária do município, proporcionando uma herança valiosa para as futuras gerações.

“Estávamos certos que conseguiríamos finalizar para às comemorações de setembro, mas como ficou uma obra robusta, estamos preparando com muito cuidado os originais para que possa ter o sentido esperado e, como vamos agora, viver os 200 anos, a obra se encaixará perfeitamente nos próximos meses, quando será efetivamente finalizada para o lançamento”, explica.

Com dois séculos de existência, Jaguariaíva celebra sua história rica e diversa, olhando para o passado com gratidão e para o futuro com esperança. A cidade se mantém firme em sua jornada de progresso e preservação da memória, prometendo um futuro ainda mais promissor.

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