Fórum Origens Paraná destaca tradição e identidade das tortas de Carambeí

*Evento reuniu em Palmeira e Carambeí, empresários, produtores e especialistas para fortalecer produtos regionais

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Da Redação

Carambeí – Nos dias 27 e 28 de fevereiro, o Fórum Origens Paraná percorreu os Campos Gerais promovendo debates e estratégias para ampliar a comercialização de produtos com Indicação Geográfica (IG) no estado. O evento reuniu empresários, produtores e especialistas nos municípios de Palmeira, Ponta Grossa e Carambeí, proporcionando visitas técnicas, palestras e rodadas de negócios, além de momentos de reunião e troca de experiências.

A programação teve início na Colônia Witmarsum, em Palmeira, onde os participantes visitaram a Cooperativa de Queijo local e participaram de um almoço típico. No cardápio, pão no bafo, produto que busca o reconhecimento de IG, e o queijo Purungo, representando a tradição gastronômica da região.

 

Consultora do Sebrae e empreendedores de Carambeí

 

No dia seguinte, em Carambeí, os visitantes foram recepcionados com um café da manhã especial na Tortas Wolf, empreendimento que tem mais de uma década de atuação. O empresário Diego Wolf, em sua fala durante a recepção, lembrou a origem do seu negócio: “Nós participamos do segundo Festival de Tortas na cidade e, ao longo dos anos, consolidamos a empresa. As pessoas decidiram conhecer as nossas receitas e as encomendas cresceram, então decidimos abrir um café”.

A estrela da recepção no Tortas Wolf foi a torta holandesa trufada, que encantou os visitantes. “O comentário do pessoal foi que a torta é excelente, maravilhosa, e isso nos deu uma alegria imensa”, celebrou Wolf.

Programação

Visita ao Parque Histórico de Carambeí

A programação contou com uma visita ao Museu Parque Histórico de Carambeí, onde foram realizadas análises sensoriais de produtos. Um dos momentos mais aguardados foi a palestra da professora Paola Stefanutti, que trouxe experiências de sucesso das IGs italianas e estratégias para agregar valor aos produtos certificados.

Os participantes também visitaram o Lavandário e Queijaria Het Dorp e a Frederica’s Koffiehuis, uma das empresas que integram a Associação dos Produtores de Tortas de Carambeí. A entidade protocolou, em julho do ano passado, junto ao Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI), o pedido de reconhecimento da IG para as tortas da cidade, na modalidade Indicação de Procedência (IP).

Identidade cultural e valorização econômica

Historiador Felipe Pedroso

 

O historiador Felipe Pedroso, ao falar com a reportagem do Página Um News, destacou a importância das tortas para a identidade local. “A tradição das tortas em Carambeí congrega diversos hábitos formadores da dietética da cidade. Os imigrantes holandeses, alemães, poloneses e italianos sempre tiveram um apreço por doces, e com o grande desenvolvimento da bacia leiteira da região, surgiram as tortas como subproduto desse contexto. Elas representam a identidade de Carambeí”.

Pedroso também ressaltou que o IG vai além da qualidade do produto. “O mais importante é atrelar a identidade local ao produto. Isso fortalece a cidade, gera turismo e desenvolvimento econômico. Além das tortas, há outros produtos que podem ser valorizados, como geleias e bolachas artesanais que remetem às tradições dos imigrantes”.
Ele também abordou a possibilidade de novos pedidos de IG para queijos artesanais de Carambeí, destacando o resgate das receitas tradicionais. “Por muito tempo, o município deixou de produzir queijos artesanais devido à industrialização. No entanto, nos últimos dez anos, algumas famílias voltaram a apostar nesse mercado, e há potencial para a obtenção da certificação”.

Paraná já possui 16 produtos reconhecidos

Maria Isabel Guimarães, responsável pelo projeto Origens Paraná, ressaltou a força do estado nesse cenário. “Hoje temos 16 produtos reconhecidos pelo INPI e mais 12 em processo de análise. Entre eles, a torta de Carambeí e o pão no bafo de Palmeira. O fórum tem sido fundamental para fortalecer essas iniciativas e trocar experiências”.

Segundo Maria Isabel, o INPI tem um prazo de até dois anos para avaliar os pedidos e validar a certificação. “Estamos confiantes de que, no máximo até o início do ano que vem, teremos novas Indicações Geográficas na região”, finalizou.

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