Exportações para os EUA caem 44% no Paraná em agosto com novas tarifas

Emerson Teixeira

Castro – As tarifas impostas pelos Estados Unidos já começam a impactar de forma significativa as exportações brasileiras. Em agosto, os embarques do Brasil para o mercado norte-americano somaram US$ 2,76 bilhões, queda de 19% em relação ao mesmo mês de 2024 e retração de 28% frente a julho deste ano.

No Paraná, a redução foi ainda mais expressiva: as vendas recuaram 44%, passando de US$ 135,6 milhões em agosto de 2024 para US$ 76,4 milhões em 2025, segundo dados do Departamento de Economia Rural (Deral). Com isso, os EUA representaram apenas 3% das exportações paranaenses no mês, ante 6% no mesmo período do ano anterior.

Apesar da queda, o resultado geral do Paraná se manteve praticamente estável, em US$ 2,27 bilhões — apenas 1% abaixo de agosto de 2024 — devido ao aumento das vendas para Argentina, Índia e México.

O setor de madeiras foi o mais atingido, acumulando perdas de US$ 25 milhões, sendo US$ 22 milhões diretamente nas vendas para os Estados Unidos. A participação norte-americana, que antes respondia por mais da metade do mercado de madeiras paranaense, caiu para menos de 40%. A retração já provocou férias coletivas, demissões e queda na procura por toras de reflorestamento.

No café, os efeitos foram menores. Com preços mais altos em 2025, as exportações se mantiveram estáveis em termos financeiros, apesar da redução das compras pelos EUA. O recuo foi compensado pelo crescimento das vendas para México, El Salvador, Colômbia, Rússia e Malásia. No caso do café solúvel, produto em que o Paraná ocupa a segunda posição nacional em exportações, a diversificação de mercados também evitou perdas maiores.

Na bovinocultura, houve resultados positivos. O sebo triplicou em faturamento em relação a agosto do ano passado, com incremento de US$ 6 milhões. Couros e gelatina também registraram alta, ajudando a equilibrar a queda observada na carne bovina.