Carambeí: Um distrito que virou potência dos Campos Gerais

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De dependente a independente, conheça o percurso histórico que transformou Carambeí em um modelo de desenvolvimento regional

Carambeí, município que hoje é referência no setor agroindustrial dos Campos Gerais, carrega uma história marcada pela luta por independência e desenvolvimento. A sua emancipação política, ocorrida em 13 de dezembro de 1995, foi o resultado de anos de articulação liderados por figuras estratégicas como Aníbal Khury, então presidente da Assembleia Legislativa do Paraná (ALEP). Este marco abriu caminhos para um crescimento impressionante, consolidando Carambeí como uma potência econômica da região.

Antes da emancipação: dependência e desafios

Até a década de 1990, Carambeí era um distrito pertencente ao município de Castro, responsável por cerca de 40% da arrecadação municipal. Apesar disso, pouco desse montante retornava para a comunidade local. “A situação era de total dependência de Castro, desde a saúde até serviços básicos como transporte. Era uma relação desigual”, relata a prefeita Elisângela Pedroso, filha de Alci Pedroso, um dos principais articuladores da emancipação.

Naquela época, serviços essenciais eram escassos. A unidade de saúde Nova Holanda operava com limitações, e as gestantes precisavam viajar a Castro para atendimento médico. Em 1966, Carambeí foi oficialmente reconhecido como distrito pelo então governador Paulo Pimentel, através da Lei 5.409. Entretanto, a luta por independência administrativa e financeira se intensificou apenas na década de 1980, ganhando força nos anos 1990.

A força da mobilização e o papel da ALEP

A partir de 1990, a campanha pela emancipação ganhou força com a Resolução 019/1990, que começou a traçar os passos para a realização do plebiscito. Lideranças como Alci Pedroso, Olivir Pereira de Paula e Cláudio da Silva Machado compuseram a comissão pró-emancipação. A articulação com Aníbal Khury na ALEP foi fundamental para que o plebiscito fosse autorizado. “Aníbal era um visionário e estrategista. Ele sabia como negociar e vencer as resistências políticas, até mesmo do governador da época, Roberto Requião”, destaca o pesquisador Gleidson Carlos, autor de pesquisas sobre o tema.

Em 13 de dezembro de 1991, a primeira resolução autorizando o plebiscito foi promulgada, mas o processo sofreu revisões e atrasos. Apenas em 1995, através da Resolução 001/1995, os limites territoriais foram definidos de forma precisa, permitindo a realização do plebiscito que confirmou a vontade popular pela emancipação.

O apoio da cooperativa Batavo também foi essencial. Naquele momento, a cooperativa representava um pilar econômico para a região e reforçou o argumento da viabilidade administrativa e financeira do novo município. Apesar das resistências de Castro e de setores do governo estadual, o plebiscito consolidou o desejo da população local.

Segundo Ronaldo Moselli, servidor da ALEP que colaborou na pesquisa dos documentos históricos, “O processo de emancipação de Carambeí é um exemplo de como a Assembleia Legislativa pode ser um agente de transformação para comunidades”.

Crescimento acelerado e desafios futuros

Desde a emancipação, Carambeí tem registrado avanços extraordinários. Com uma população de 5.500 habitantes em 1995, o município hoje abriga mais de 25 mil pessoas. A industrialização e o fortalecimento do agronegócio foram motores desse crescimento. “Nos últimos anos, Carambeí atraiu quatro novas indústrias e triplicou seu orçamento, de R$ 83 milhões em 2020 para R$ 242 milhões em 2024”, aponta a prefeita Elisângela.

Apesar dos avanços, os desafios permanecem. A infraestrutura viária é um dos principais gargalos. “Estamos em pleno crescimento, mas precisamos investir em novas rotas e melhorias nas estradas para acompanhar o ritmo da economia”, destaca a prefeita.

Um exemplo para a região

A trajetória de Carambeí ilustra como a mobilização comunitária, aliada ao apoio político, pode transformar a realidade de uma região. “Aníbal Khury e meu pai, Alci Pedroso, são os grandes responsáveis por esse legado. Eles acreditaram no potencial de Carambeí e trabalharam para que esse sonho se tornasse realidade,” afirma Elisângela.

Para o pesquisador Gleidson Carlos, o impacto da emancipação vai além do desenvolvimento econômico. “Carambeí se tornou um modelo de articulação política e comunitária para os Campos Gerais. É um exemplo vivo de como a união de forças pode mudar o destino de uma região”, conclui.

Com a história de sua emancipação solidamente documentada, Carambeí se destaca não apenas como um polo econômico, mas também como símbolo de resiliência e organização política nos Campos Gerais.

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