Parque Histórico de Carambeí: O maior museu a céu aberto do Brasil

Tudo começou nos 75 anos da imigração holandesa, no ano de 1986

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NEY HERMANN

O desenvolvimento de uma cidade só é possível quando seus moradores assimilam a importância de interpretar o passado, para compreender o presente e planejar o futuro.

Neste aspecto Carambeí se tornou uma referência internacional, ao transformar o legado de seus pioneiros em uma das maiores atrações turísticas do Paraná. Estamos falando do Parque Histórico de Carambeí, um espaço que nasceu da união dessa comunidade, caracterizada pela resiliência de seus colonizadores.

O presidente da Associação do Parque Histórico, Dick Carlos de Geus, lembra com nitidez o momento em que a ideia ganhou vida. “Tudo começou nos 75 anos da imigração holandesa, em 1986. Montamos um mini-parque improvisado, com casinhas e ferraria feitas de materiais simples. Ao final da festa, percebemos que aquilo merecia se tornar permanente”, recorda.

A chama reacendeu anos depois, em 1998, quando Dick visitou um parque histórico ucraniano no Canadá. A experiência o marcou profundamente. “Vi pessoas vestidas como antigamente, interagindo com os visitantes. Pensei: ‘É isso que precisamos fazer em Carambeí’”, conta. De volta ao Brasil, reuniu lideranças locais e apresentou fotografias e ideias. Nascia ali o projeto que, em 2001, ganhava forma com a compra do celeiro de sua família — o primeiro espaço do futuro parque.

Nosso acervo é enorme, composto por milhares de peças e fotografias. Precisamos preservá-lo com rigor

Dick Carlos de Geus

 

A CONSTRUÇÃO

A construção da estrutura atual, que hoje ocupa 10 hectares, só foi possível graças à Lei Rouanet e ao apoio decisivo da cooperativa Frísia, então Batavo. O projeto foi aprovado pelo Ministério da Cultura e culminou na inauguração em 2011, durante o centenário da imigração holandesa. “Foi um esforço comunitário extraordinário. Tratores, terraplanagem, voluntários de todos os lados. Em dez meses construímos tudo que está depois da ponte”, relata Dick.

Mais de 5 milhões de reais já foram investidos na estrutura, que hoje recebe entre 130 e 150 mil visitantes por ano. O parque mantém cerca de 35 funcionários, além de guias e colaboradores. O custo mensal oscila entre R$ 130 mil e R$ 150 mil, o que torna o apoio da Lei Rouanet indispensável. “Sem ela, o parque seria inviável. Museus raramente sobrevivem sem incentivo”, explica Dick.

A experiência do visitante começa na Casa da Memória, onde estão retratados os ambientes domésticos dos primeiros imigrantes, além de uma maquete da colônia original, feita por Dick de Geus, que trabalha com marcenaria por puro hobby. A partir dali, os turistas seguem para a vila histórica, com escola, igreja, ferraria, marcenaria, fábrica de laticínios e estruturas típicas das primeiras décadas de colonização. Construções em escala real. “Quase tudo o que temos foi doado pela comunidade. Cerca de 95% do acervo chegou espontaneamente, porque as pessoas querem ver suas histórias preservadas aqui”, afirma o presidente da Associação.

ATRAÇÕES
Uma das atrações que mais emociona é o Museu Interativo, realizado algumas vezes ao ano. Voluntários se vestem como os pioneiros e revivem antigas práticas: assam pães e bolachas, operam a roda d’água, fabricam queijo, trabalham na marcenaria ou conduzem aulas em holandês. “Os turistas adoram. É como se a história ganhasse vida diante dos olhos”, descreve Dick de Geus.
O parque segue crescendo. Além da ampliação do Parque das Águas, estão previstos um moinho típico holandês e um farol com vista panorâmica de toda a área. Outro grande projeto é a construção de um espaço adequado para a reserva técnica, avaliado em cerca de R$ 2 milhões. “Nosso acervo é enorme, composto por milhares de peças e fotografias. Precisamos preservá-lo com rigor”, afirma o presidente.

Para Dick, mais do que um atrativo turístico, o Parque Histórico é um instrumento de educação comunitária.

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