Bem-vindo à Capital Estadual das Tortas: Carambeí é referência para as confeitarias do sul do Brasil
De acordo com Christian Dykstra, presidente da Associação dos Produtores de Tortas de Carambeí (APTC), o setor ajudou a reescrever a história recente da cidade
NEY HERMANN
Ao completar 30 anos de emancipação política, Carambeí celebra não apenas uma trajetória de crescimento acelerado, mas também a consolidação de um símbolo que hoje projeta o município nacionalmente: as TORTAS! O reconhecimento oficial veio neste ano, com a aprovação pela Assembleia Legislativa do Paraná da lei que declara Carambeí a Capital Estadual das Tortas, um título que demonstra a força cultural, econômica e turística do segmento que começou pequeno e se transformou em um marco para a identidade do jovem município.
De acordo com Christian Dykstra, presidente da Associação dos Produtores de Tortas de Carambeí (APTC) e também diretor da Frederica’s Koffiehuis, o setor ajudou a reescrever a história recente da cidade. A tradição começou no início dos anos 2000, quando sua mãe, Frederica, passou a produzir bolos e tortas na Casa da Memória, que faz parte do Parque Histórico de Carambeí. As receitas, baseadas em cadernos de sua avó e bisavó, adaptaram ingredientes europeus ao paladar brasileiro, dando origem a sabores exclusivos que hoje caracterizam as tortas do município. “Não dá mais para dizer que são tortas holandesas. São tortas de Carambeí, criadas aqui, com identidade própria”, afirma.
Não dá mais para dizer que são tortas holandesas. São tortas de Carambeí, criadas aqui, com identidade própria
Christian Dykstra
A Frederica’s cresceu. Tem até uma filial em Ponta Grossa. Hoje recebe 8 mil pessoas por mês, emprega 35 colaboradores e integra, com outras três empresas, a APTC. Juntas, elas somam cerca de 100 empregos diretos e centenas de indiretos, movimentando fornecedores locais de frutas, laticínios e insumos da confeitaria. A associação também trabalha para obter a Indicação Geográfica (IG), cujo processo foi protocolado no INPI em 2024. “A IG é um selo de qualidade e autenticidade. É um resgate cultural e uma ferramenta econômica que protege e valoriza nosso produto”, diz Christian.
Entre os empreendimentos que nasceram com o fortalecimento do setor está a Tortas Wolf, que completou dez anos em 2025. Para Diego Wolf, diretor financeiro da empresa, tudo começou no segundo Festival das Tortas, quando sua família participou pela primeira vez e decidiu apostar no ramo. “Nós gostamos muito do movimento e resolvemos transformar um passatempo em negócio”, relembra. Hoje, a empresa atende cerca de quatro mil pessoas por mês, oferece de 30 a 40 sabores rotativos e também expandiu as operações para Ponta Grossa, abastecida pela produção feita exclusivamente em Carambeí. A Tortas Wolf emprega 15 pessoas, entre a loja local e a unidade no município vizinho.
Nós gostamos muito do movimento e resolvemos transformar um passatempo em negócio
Diego Wolf
EMPRESAS
Além dessas duas empresas, a APTC conta com outros dois associados: a Het Dorp, que opera em um lindo lavandário, e a Koffiehuis, do Parque Histórico. Uma quinta confeitaria está agora entrando nesse ramo e já pediu para se juntar a Associação dos Produtores de Tortas de Carambeí, o que deve acontecer no ano que vem. Portanto, a cidade conta hoje com cinco empresas atuando neste segmento. Um mercado que pode se expandir nos próximos anos.
O setor, além de aquecer a economia, transformou Carambeí em um destino turístico. Visitantes chegam pela gastronomia e acabam se encantando com outros atrativos, como o Parque Histórico, um dos maiores museus a céu aberto da América Latina, além de cafés, lavandários e rotas rurais. Tanto Christian quanto Diego confirmam: quem vem pela torta movimenta restaurantes, comércio, postos de combustíveis e serviços, impulsionando um ciclo que pressiona por mais leitos hoteleiros. “Muita gente diz que não encontra vaga para dormir na cidade. Já existe demanda real por novos hotéis”, destaca Diego.
RECONHECIMENTO
A nova lei estadual reforça esse cenário. Para o presidente da APTC, é um reconhecimento que coroa mais de duas décadas de trabalho e contribui para ampliar a visibilidade do município. “Esse título fortalece o setor e incentiva novos empreendedores. É um estímulo direto ao turismo”, afirma o presidente.
Mas atenção! Visitar essas empresas em Carambeí exige uma renúncia consciente a qualquer tipo de dieta. Todas as opções de tortas são elogiadas pelos clientes. Três, no entanto, se destacam como as mais procuradas: a de morango, a de amora e, claro, a holandesa. Se você não consegue escolher, está tudo bem. Coma uma fatia de cada, sem culpa alguma. O pecado da gula não se aplica a doces divinos.
2019
A última edição foi em 2019 e a APTC espera retomar o Festival em 2026
Resta agora reeditar o Festival das Tortas, que já contou até com a presença do Governador do Paraná. A última edição foi em 2019 e a APTC espera retomar o Festival em 2026. Para ser mais preciso, no segundo fim de semana de maio, para coincidir com o Dia das Mães.
Carambeí, que quadruplicou de tamanho desde a emancipação, mira agora novas oportunidades. Com a cultura das tortas consolidada, o município projeta crescimento no turismo, atração de investimentos e fortalecimento da identidade local. “As tortas marcaram a história desses 30 anos e vão marcar os próximos 30 também”, resume Christian Dykstra.

