A Trajetória de uma conquista: Carambeí, a terra prometida!
Visionário, Osmar Rickli construiu 60% dos loteamentos de Carambeí através de sua empresa
NEY HERMANN
Osmar Rickli é uma das figuras mais importantes da história recente de Carambeí. Um empresário que ganhou muito como madeireiro e aplicou seus lucros na cidade que o acolheu. Um visionário que construiu 60% dos loteamentos de Carambeí através de sua empresa, a Rickli Empreendimentos. Ficou rico e perdeu uma fortuna, sem jamais abandonar sua fé. Agora planeja novos investimentos, na área de piscicultura.
O homem que foi prefeito por dois mandatos, cassado pela Câmara Municipal, não deseja mais participar da vida pública. Mas isso não significa que tenha deixado de amar o município. “Carambeí é a minha Canaã”, revela Osmar.
Nascido na localidade de Morro Chato, em Tibagi, na divisa com Ipiranga, Osmar é o mais novo de uma família de sete irmãos. Cresceu entre o trabalho duro no campo e o carinho dos pais, Paulo e Hilda Rickli, admirados pela honestidade. Aos 12 anos foi enviado para estudar em Ponta Grossa, atendendo ao sonho paterno. Porém, a distância o consumiu. A saudade da família provocou crises, até que decidiu voltar para casa. Pedalou longas horas e completou o caminho na carroceria de um caminhão, que transportava um defunto dentro do ataúde. A aventura, hoje lembrada com humor, marcou o fim precoce de sua vida escolar.
Logo depois enfrentaria um mo-mento doloroso. Seu pai morreu repentinamente, durante uma cirurgia aparentemente inofensiva. Osmar, com apenas 14 anos, ficou muito abalado. Mas, amparado pela família, encontrou forças para seguir adiante. O tempo passou e aos 17 anos decidiu empreender pela primeira vez. Como Paulo Rickli tinha deixado uma herança de 5 mil pinheiros, Osmar, em sociedade com um dos irmãos, montou uma serraria. Cortaram madeira, fizeram boas vendas e prosperaram.
Nessa época recebeu um chamado espiritual: “Saia da tua parentela e vá para a terra que eu te mostrarei.” Coincidência ou não, logo depois surgiu a oportunidade de abrir um depósito de madeira em Carambeí. Mesmo sem conhecer ninguém, Rickli rapidamente percebeu que os negócios fluíam de forma abençoada. O dinheiro das vendas caía diretamente em sua conta, sem atraso. “Ali eu vi que esta era a minha terra prometida”, recorda Osmar.
Faltou foco. Mas nunca faltou fé
Osmar Rickli
A partir daquele momento o jovem empreendedor demonstrou seu lado visionário. Observava as necessidades ao seu redor e agia antes que alguém percebesse. Faltava um supermercado? Ele construiu. Não havia posto de gasolina? Levantou um. Carambeí não tinha restaurante? Osmar inaugurou o seu. E a cidade sempre retribuía. O sucesso dos empreendimentos, somado ao lucro da madeira, o levou a adquirir seis fazendas e a impulsionar o crescimento urbano local. Seus loteamentos, como o Bela Vista e o Eldorado, moldaram Carambeí. Não por acaso, 60% da área urbana atual é resultado direto dos negócios imobiliários que Rickli desenvolveu. Nessa época seu grupo empresarial chegou a ter mil colaboradores.
Mas o sucesso comercial também o conduziu ao erro. Ao diversificar para setores que desconhecia, como a produção de energia com uma usina termoelétrica e a fabricação de portas para o mercado externo, desviou-se do foco original. Os investimentos foram altos e o retorno, tão esperado, não veio. Para completar, os preços caíram e o dólar despencou. Ele perdeu grande parte do patrimônio construído em décadas. “Faltou foco. Mas nunca faltou fé”, admite.
Decepcionado com a política, decidiu deixar a vida pública. Porém, não perdeu a capacidade de sonhar. Hoje, aos 70 anos, renova-se com um grande projeto de piscicultura: frigorífico pronto, criatório de alevinos, parcerias com pequenos produtores e a possibilidade de abastecer toda a merenda escolar dos Campos Gerais. Um plano ousado, sustentável e cheio de futuro.
Osmar Rickli segue acreditando na cidade que escolheu como lar.