Luana Dias
O corpo de jurados acatou a acusação oferecida pelo Ministério Público do Paraná, e o réu Mateus Gonçalves da Silva, acusado pelo assassinato da estudante castrense Nathalia Deen e tentativa de assassinato do irmão da vítima, Carlos Deen, foi julgado e condenado a 29 anos e nove meses de reclusão. O tempo de prisão ao qual Mateus foi condenado é a soma do julgamento de dois crimes, pela morte de Nathalia o réu foi condenado a 18 anos e nove meses, pelo crime de homicídio com quatro agravantes: motivo torpe, meio cruel, recurso que dificultou a defesa da vítima e feminicídio; e por tentar assassinar Carlos, Mateus foi condenado a mais 11 anos de prisão.
O julgamento foi realizado na terça-feira (15), no Fórum Estadual de Ponta Grossa. Começou por volta de oito da manhã e terminou depois das 22 da noite. Foram mais de 14 horas de oitivas, e a sentença final foi lida pelo juíz Luiz Carlos Bittencourt, após o debate, interrogatórios, e o voto secreto de todos os membros do júri popular.
Por conta da pandemia do novo coronavírus, a sessão não contou com a presença de público, mas pôde ser acompanhada por um site disponibilizado pelo Tribunal de Justiça do Paraná (TJ-PR). Durante o julgamento, apenas o juiz, os membros do Ministério Público, servidores do judiciário, os advogados do caso, as testemunhas e os jurados sorteados estiveram no tribunal. Mateus Gonçalves acompanhou por videoconferência a sessão, da cadeia Hildebrando de Souza, onde está desde que cometeu o crime. O júri popular foi composto por 20 pessoas sorteadas e sete pessoas escolhidas como juradas.
Relembre o caso
O assassinato de Nathalia Deen ocorreu na manhã de seis de abril de 2018, e chocou pessoas de toda região. Na época do crime ela tinha 22 anos de idade e estava a dois meses de se formar na faculdade de Agronomia, da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG). O assassino também era estudante de Agronomia, calouro de Nathalia quando tirou a vida da estudante. Ela foi morta a golpes de faca, no apartamento onde vivia com o irmão, Carlos Deen, que também foi ferido por Mateus, mas sobreviveu ao atentado. Os irmãos eram de Castro e moravam em Ponta Grossa para estudar. Depois que matou a ex-namorada, Mateus fugiu e foi encontrado, no mesmo dia, em uma unidade da UEPG, onde havia cortado os pulsos com cacos de vidro. Ele permanece preso desde então.
De acordo com as investigações, Nathalia e Mateus namoraram durante cerca de dois anos. O relacionamento havia acabado no final de 2017, e eles teriam tentado reatar por algumas vezes, porém, segundo testemunhas ouvidas durante o julgamento, Nathalia não tinha mais intenção de ficar com o rapaz, que não aceitava o fim do relacionamento.
Na noite anterior ao crime ambos haviam se encontrado em um bar, e depois de sair do local, após ter consumido alta quantidade de bebida alcoólica, Mateus teria ligado diversas vezes para a vítima. Ao longo da madrugada ele teria entrado no condomínio onde ela morava, na sequência, invadido seu apartamento e cometido o crime.
Teses
Durante o julgamento de Mateus, o advogado de defesa do réu citou o fato de ele ter ingerido bebida alcoólica antes do crime e defendeu a tese de que Mateus agiu sob forte emoção. “Ele acabou perdendo a cabeça e cometeu o crime”, destacou. Já a advogada de acusação usou a tese de crime premeditado, afirmando que Mateus teve a intenção de matar Nathalia, considerando o fato apontado no inquérito, de o acusado ter permanecido por cerca de cinco horas no condomínio onde a ex-namorada morava, antes de cometer o femincídio, ou seja, tempo suficiente para planejar e para desistir do plano de assassiná-la