Cleucimara Santiago
A colônia de Terra Nova, fundada por imigrantes alemães na área rural de Castro no ano de 1933 terá um memorial dedicado à Santa Terezinha. Procurado pela reportagem, Alexandre Hubert contou um pouco de como essa história começou “em 1933, quando a companhia ao organizar a comunidade, trouxe um padre católico para acompanhar os imigrantes católicos, lamentavelmente, o padre luterano não pode vir. Então os imigrantes luteranos ficaram sem padre, mas, se juntaram aos católicos e faziam celebração junto”.
Segundo Alexandre, em 1937 foi feita a fundação da igreja da localidade e Santa Terezinha foi designada Padroeira da Colônia Terra Nova. “Santa Terezinha tinha sido recém canonizada, era uma santa nova, uma santa daquela época e moderna também. Então, eles, por unanimidade, designaram como padroeira da colônia e da igreja de Terra Nova. Logo nos primeiros anos, conseguiram uma relíquia de Santa Terezinha, um pedacinho do osso da Santa, que é muito venerada na comunidade”, descreve Alexandre que lamenta que nos anos de 2000, houve um arrombamento na igreja e a relíquia sumiu, o que causou muita tristeza à comunidade por haver muitos relatos do povo de milagres e ajudas adquiridas por intercessão de Santa Terezinha através das orações junto com a relíquia. Apesar das investigações, a relíquia não foi encontrada. “Na época, eu trabalhava na Alemanha, fiquei sabendo disso tudo, estou sempre ligado muito à colônia, então escrevi para o Carmelo de Lisieux, na França, onde viveu Santa Terezinha e relatei tudo. O pessoal do Carmelo enviou uma carta para mim dizendo que eu deveria estar lá na França no dia 15 de agosto de 2009. Então eu me preparei, tirei férias e fui para França receber a nova relíquia”, narra Alexandre. Ele descreve, ainda, que naquele ano, após buscar a relíquia na França, veio ao Brasil passar o natal em Terra Nova e trouxe a relíquia, em um grande momento de alegria para a colônia. Em 2018 ele retornou definitivamente para colônia, momento que coincidiu com o período que o Padre Cristiano assumiu a paróquia Perpétuo Socorro, a qual a igreja de Terra Nova pertence, e surgiu a ideia de fazer um memorial de Santa Terezinha em frente à igreja, justamente por essa grande devoção a Santa Terezinha.
Alexandre entrou em contato com o escultor de imagens Diego Andrade, artista plástico de Caxangá no Recife – Pernambuco, e ali, com o apoio do padre Cristiano e de benfeitores, tudo começou.
O pároco da Matriz Perpetuo Socorro, Padre Cristiano, relata que “a festividade do dia 13 será em conta ao grande momento que estamos vivendo, de valorização da comunidade, onde tem uma relíquia de 1º grau de Santa Terezinha (…). Eles, com a colaboração da comunidade e de várias outras pessoas, conseguiram ter fundo para construir esse memorial que se trata de uma imagem que receberá benção e logo embaixo dela haverá placa com o nome de todas as pessoas que colaboraram e as famílias da comunidade da Terra Nova”.
Fátima Castro, morada da comunidade, diz que ainda “quando nossa igreja foi construída, os nossos avós fizeram uma espécie de cofre na parede da igreja e colocaram algumas coisas da época lá; quando a igreja fez 80 anos, abrimos”. Segundo a ex-vereadora de Castro, os organizadores irão colocar novamente um cofre com orações, agradecimentos, pedidos, documentos, entre outros. “Eu quero colocar um exemplar do Jornal Página Um News com essa história”, descreve a moradora.
Várias atividades foram desenvolvidas para angariar fundos para o pagamento da imagem do memorial que terá dois metros de altura. O dia 1º de cada mês, dia da missa votiva, era realizado um leilão virtual de bolo temático, cujos recursos chegavam em torno de um mil reais, destinados a obra, além de contar sempre com as doações de voluntários.
A festividade de inauguração do memorial
As festividades de Santa Terezinha, na comunidade, são muito bonitas e reúnem muita gente. A inauguração do memorial será no dia 13 de março. Entre as atividades, está prevista uma missa festiva com a benção do memorial, seguida de almoço com churrasco na área verde da igreja. A tarde haverá bingo e venda de bolos e tortas tradicionais da colônia
A história de Santa Terezinha
Marie Françoise Thérèse Martin (Maria Francisca Tereza Martin), como era seu nome de batismo, nasceu em 2 de janeiro de 1873 em Alençom, Baixa Normandia, na França, em uma família simples e de muita fé.
A menina, filha do joalheiro Louis Martim e da famosa bordadeira Zélie Guérin, nasceu muito fraca e doente, aos 4 anos de idade perdeu a mãe, e se apegou a irmã mais velha, Paulina. Quando Paulina, seguindo a própria vocação foi para o convento, Terezinha ficou muito doente, trazendo grande preocupação à família. Um dia, entretanto, ao olhar a imagem da Imaculada Conceição de Maria, a virgem lhe sorriu e a menina ficou curada. Terezinha, que estudou por 5 anos no colégio da Abadia das monjas beneditinas de Lisieux, decidiu também entrar para o Carmelo de Lisieux e juntar-se com suas irmãs que já eram freiras. Ela estava com 14 anos e devido a pouco idade, as regras da igreja não permitiam, então ela pediu autorização ao Papa Leão Xlll e este concedeu. Em abril de 1888 ela passou a fazer parte das freiras carmelitas descalço, com o nome de Thérèse de I’Enfant Jesus (Tereza do Menino Jesus).
Terezinha levou uma vida de dedicação, simplicidade e doçura. Ela pregava que a perfeição e a santidade podem estar nas pequenas coisas, nos pequenos gestos e obrigações cotidianas feitas com amor. Vítima de tuberculose, após sofrer por 3 anos da doença que não tinha cura na época, faleceu dia 30 de setembro de 1897, aos 24 anos. Sua imagem é simbolizada segurando um buquê de rosas, porque em seus últimos dias de vida, Terezinha dizia às pessoas que, quando morresse, faria cair uma chuva de rosas, representando suas graças aos cristãos.
Santa Terezinha do Menino Jesus, também chamada de Santa das Rosas, foi beatificada em abril de 1923. Em dia 17 de maio de 1925 foi canonizada pelo Papa Pio Xl. No ano de 1927 foi declarada Patrona Universal das Missões Católicas. Foi nomeada Padroeira Secundária da França, junto com Santa Joana D’arc. No centenário de sua morte, em 1997, o Papa João Paulo ll, na Carta Apostólica, Divinis Amoris Scientia, a declarou Doutora da Igreja por causa da sua mensagem da Infância Espiritual e da Contemplação da Face de Cristo.
Imagem: Arquivo Alexandre Humbert