Nessa semana as cinzas do vulcão de Tonga mudou o entardecer de Castro e região

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Matheus de Lara

Durante essa semana, pessoas que gostam de ver o pôr do sol ficaram curiosas com o entardecer em tom laranja mais forte. Não somente em Castro e região, muitos outros lugares foram contemplados com o espetáculo.

Para entender qual o fenômeno que fez o fim do dia ficar tão magnífico, com várias tonalidades de cores, a reportagem do Página Um News conversou com a geógrafa e professora do curso de Geografia da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), Karin Linete Hornes. Castrense, ela também concentra suas pesquisas em desastres naturais.

Segundo ela, o fenômeno registrado nos últimos dias na hora do pôr do sol é resultado das cinzas do vulcão do Oceano Pacífico. “O Vulcão Hunga-Tonga localizado no pacífico entrou em erupção do dia 15 de janeiro, e lançou muitos detritos na atmosfera, entre eles monóxido de carbono, dióxido de carbono e enxofre, cinza, entre outros. Estas partículas e gases foram sendo transportados com o passar dos dias pelas correntes de ar e chegaram até outros continentes. E assim podem ter influenciado na coloração do crepúsculo e do amanhecer que apresentaram cores mais próximas ao vermelho, laranja e tons róseos”, disse Karin.

Para a geógrafa, devido às diferenças de temperatura e pressão, e aos movimentos da Terra, estas correntes de ar se misturam às outras, levando características do seu local de origem à grandes distâncias. “Exemplo disso, podemos citar a presença da areia do deserto do Saara na Amazônia. Em determinados períodos do ano a célula de circulação atmosférica de Hadley possibilita esta ocorrência”, descreve Karin.

Karin também conta que as mudanças na paleta de cores, pode estar relacionada a outros fenômenos. “Durante o inverno paranaense, período de maior incidência de queimadas em nossa região, é comum observar o crepúsculo, o amanhecer e até mesmo o luar com cores avermelhadas. Importante destacar que estes fenômenos ocorrem dependendo da inclinação dos raios solares diante da atmosfera e por consequências das partículas suspensas”.

A professora de geografia explica que “os melhores momentos para visualizar a ocorrência seria no amanhecer e entardecer, quando os raios com seus diferentes comprimentos de onda atingiram às partículas de poeiras e gases existentes na atmosfera de forma horizontal. Assim a luz sofrerá o fenômeno de Rayleigh que dispersa a luz. Para que isto ocorra o tamanho das partículas deve ser similar ou menor que o comprimento de onda”, detalha Karin.

Por outro lado, a geógrafa lembrou que em 22 de abril de 2015 também houve uma erupção vulcânica em Calbuco, no Chile, e parte da cinzas chegaram ao Brasil e na Argentina, proporcionando a mesma visualização deste fenômeno no entardecer.

Pesquisas em desastres naturais

Karin disse para a reportagem que “trabalhamos atualmente com a caracterização da atuação de tornados no Paraná, afim de catalogar as ocorrências e instruir a população a respeito do que fazer em momentos de tempestades severas”.

Areia do Saara

Para finalizar, Karin elencou uma curiosidade sobre as areais do Saara, encontradas na região do Amazonas. “Imagens de satélite da NASA permitiram visualizar uma nuvem de poeira viajando mais de 2.000 km. As partículas de poeira trazem nutrientes e até mesmo pólens que auxiliam na biodiversidade da floresta”, conclui.

Foto: Emerson Teixeira

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