Tecnologia castrense pavimenta o futuro

Inovação no campo é apresentada em Dia de Campo Técnico da Watanabe

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Emerson Teixeira*

Castro – A Indústria Watanabe, empresa castrense com raízes desde 1970, tornou-se o centro das atenções do agronegócio e da infraestrutura nacional e internacional ao apresentar, nesta quarta-feira (26), um maquinário inovador que promete transformar a manutenção de estradas rurais. O dia de campo técnico, realizado em Castro, reuniu lideranças estaduais, prefeitos e gestores públicos de várias regiões do país, além de compradores da América Latina, África e Ásia, para demonstrar a eficiência de um sistema que já despertou o interesse de 215 prefeituras brasileiras.
A máquina, que utiliza um processo de reciclagem de solo com incorporação de cimento e estabilizante químico, oferece um pavimento de baixo custo e alta durabilidade, sendo uma solução “ímpar no mercado” brasileiro, segundo William Watanabe, diretor comercial da empresa.
“Então, esse daqui foi um evento que veio a pedido do Governo do Estado, tanto da Secretaria de Agricultura, Secretaria das Cidades e Secretaria de Infraestrutura. Porque um grande problema que a gente sempre encontrou em todos os municípios é a questão de manutenção das estradas rurais. Nós desenvolvemos uma solução ímpar no mercado que, provavelmente, a gente vai encontrar somente algumas máquinas na Europa. E no Brasil não tem nada igual que consiga fazer a execução desse serviço”.
O foco principal da tecnologia é garantir a mobilidade e o escoamento da produção. William Watanabe ressalta o impacto social e econômico da inovação. “Municípios onde a mobilidade é complicada, muitas pessoas que moram no interior precisam ir para a cidade atras de hospital, mercado, farmácia, esse direito do ir e vir, através de uma execução bem feita, a gente consegue ter uma estrada, mesmo que seja de chão, como você tá vendo aqui, a gente consegue fazer com que seja uma estrada muito boa para trafegabilidade, tentar eliminar buracos, tentar eliminar costelas, tentar melhorar o escoamento de produção para os municípios”.

Tecnologia de baixo custo e alta performance
A máquina opera triturando o solo natural em até 20 centímetros de profundidade, homogeneizando-o com 2% de cimento e estabilizante químico fornecido pela parceira Conaity. O processo resulta em pavimento de baixo custo, com longevidade estimada em três a quatro anos de uso contínuo, mesmo sob condições extremas.
O custo-benefício é o grande diferencial. Enquanto o asfalto convencional tem estimativa de R$ 1,5 milhão por quilômetro, a solução da Watanabe pode custar entre R$ 300 mil e R$ 400 mil por quilômetro, dependendo da execução e dos produtos misturados.
“Nós estamos falando aí de uma estrada com pavimentação que custa em torno de R$ 1,4 milhão por quilômetro que pode ser feito em torno de R$ 300 a R$ 400 mil. Então, é muito mais baixo o custo, muito mais efetivo e muito mais rápido. Esta invenção paranaense é algo totalmente diferente que vai, simplesmente, transformar a infraestrutura das estradas rurais do Paraná, do Brasil e, até mesmo, da América do Sul”, afirmou o deputado Estadual Marcelo Rangel.
A robustez da solução foi testada em estradas do Mato Grosso do Sul, onde a máquina executou o pavimento que suporta o tráfego diário de 220 caminhões, incluindo os hexa-trens da Suzano, que chegam a 250 toneladas de peso total. “A gente consegue observar uma boa trafegabilidade desses caminhões e também aumento da longevidade desse pavimento”, garante William Watanabe.

Apoio governamental e “Caminhos da Origem”
A demonstração em Castro contou com a presença de secretários estaduais, que veem na tecnologia uma aliada para dar vazão ao volume recorde de obras no Paraná. O secretário de estado Infraestrutura e Logística, Sandro Alex, destacou a necessidade de inovação para atender à demanda. “Sem dúvida, é por esse motivo que nós estamos aqui, para que a gente possa conhecer e fazer levantamentos, testes, porque o volume de obras hoje no Paraná, principalmente por parte do Governo do Estado, é gigante. E nós temos que ter tecnologia para que possa dar conta da demanda, auxiliar inclusive com celeridade essas obras”.
O secretário de Agricultura, Márcio Nunes, ressaltou que a tecnologia se alinha perfeitamente ao programa Caminhos da Origem, que já licitou R$ 1,5 bilhão em investimentos e tem foco de R$ 3 bilhões para pavimentação e readequação de estradas rurais. “É isso que a gente, na verdade, sempre sonhou. E a gente tem que dar condição de vida, de mobilidade para quem produz o alimento. Quem mora no interior. É o direito de ir e vir garantido com segurança, conforto, durabilidade, com custo-benefício que justifique o investimento. E essa tecnologia, ela vai ao encontro de tudo aquilo que a gente está buscando”, complementou Márcio Nunes.
O Prefeito de Castro, Reinaldo Cardoso, celebrou o fato de a cidade ser pioneira e laboratório da inovação. “Olha, isso é muito bom! Nós temos esse projeto de transformar Castro num polo de desenvolvimento regional. E isso ajuda muito, porque nós estamos sendo divulgados para o país e até para o exterior através de uma coisa top. E com isso nós estamos aproveitando essa estrutura criada aqui em Castro, fazendo um programa que se chama Caminho de Origem, que é uma pavimentação de baixo custo para o nosso interior”.
O prefeito de Sertaneja, Samuel do Prado, presente no dia de campo, disse que já testou a tecnologia, e atestou a eficácia. “O resultado do CONAID foi fantástico. Mas, agora, com uma máquina dessa que a gente veio conhecer hoje aqui, vai ser uma, uma evolução para o Estado do Paraná […]. Essa máquina vai ali fazer dois mil metros por hora, quer dizer, você faz de três a quatro, cinco quilômetros por dia. E se for colocar uma pavimentação, você vai ter praticamente um dia, em um dia você faz um quilômetro, então, tanto na rapidez, na evolução, inovação da estrada rural ecológica, que é importante isso também”, avalia.
A tecnologia, que exige investimento de R$ 2,6 milhões no equipamento (trator e máquina), se paga a longo prazo. “O DER do Paraná, hoje, está buscando inovações, para que torne o dia a dia de quem executa as obras mais fácil, mais ágil e que traga melhores condições de segurança, de tráfego aos usuários e economia para a execução”, descreveu Fernando Furiati, diretor do DER-PR.
A expectativa é que a solução paranaense, que tem similar apenas na Alemanha (custando 8 milhões de euros), se espalhe rapidamente. William Watanabe confirmou que a procura é alta. “A procura tá sendo muito alta, nas últimas duas semanas recebemos mais de 200 propostas de prefeituras do Brasil inteiro, praticamente todos os estados brasileiros estão atrás da nossa máquina”.
Guilherme Lube, secretário de Agricultura de Viana (ES), que veio acompanhar a demonstração, resumiu o sentimento dos gestores. “Eu acho que essa recicladora de solo é um equipamento inovador que vai fazer muita diferença para os produtores rurais, o pequeno agricultor, aquele que tá lá na ponta, que realmente precisa do poder público. É uma máquina que, pelo que vocês estão vendo aqui, ela rende o serviço e fica um serviço barato e de boa qualidade”.

*Com Ney Hermann

 

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