Editorial: Um ano após a tragédia, a justiça ainda não chegou

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A tragédia que vitimou o empresário Guilherme de Quadros Becher completa um ano sem respostas definitivas. O caso, ocorrido em 20 de novembro de 2024 dentro de um condomínio de chácaras de luxo em Ponta Grossa, reacendeu debates sobre responsabilidade, uso da força e a necessidade de celeridade no sistema judicial. O autor dos disparos foi o então presidente da Câmara de Castro, Neto Fadel, figura pública cuja participação no episódio ampliou sua repercussão. Desde então, a família Becher convive com a dor da perda e a frustração diante da morosidade das investigações.

Embora o andamento do inquérito siga o ritmo considerado “dentro da normalidade” por profissionais da área, a demora na conclusão dos laudos — especialmente o da reconstituição, apontado como decisivo — prolonga a sensação de impunidade. Para os familiares, a tese de legítima defesa apresentada pela defesa é insustentável. Representantes legais contestam a narrativa, destacando excessos e apontando contradições que, segundo eles, tornam o caso passível de julgamento pelo Tribunal do Júri.

O episódio ultrapassa o limite de um conflito entre vizinhos. Envolve princípios fundamentais: a preservação da vida e a igualdade de todos perante a lei, independentemente de cargo, influência ou status. A sociedade acompanha o desfecho com expectativa não por espetáculo, mas por justiça. Um processo transparente, com respeito ao devido procedimento legal e à apuração rigorosa dos fatos, é essencial para restabelecer a confiança pública.

Um ano depois, o que se espera é que o caso avance sem interferências e com responsabilidade. A dor não pode ser eterna, e a justiça não deve ser tardia. Quando a verdade vier à luz, que ela seja capaz de oferecer não apenas respostas, mas também dignidade à memória da vítima e segurança à comunidade.

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