Morre Mino Carta, fundador da CartaCapital, aos 91 anos

Jornalista estava internado havia duas semanas no Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo

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Da Redação

São Paulo – O jornalista Mino Carta, fundador e diretor de redação da revista CartaCapital, morreu nesta terça-feira (2), em São Paulo, aos 91 anos. Ele estava internado havia duas semanas na UTI do Hospital Sírio-Libanês. A morte foi confirmada na madrugada pelo portal da própria revista.

De acordo com a publicação, o óbito ocorreu após um ano marcado por complicações de saúde que resultaram em várias internações. “Mino deixa um legado de coragem, independência e compromisso com a verdade”, destacou a CartaCapital em nota.

Nascido em Gênova, na Itália, em 1932, Mino veio para São Paulo ainda jovem, acompanhando a família que deixou a Europa após a Segunda Guerra Mundial. Aos 16 anos, começou a escrever e iniciou a trajetória que faria dele um dos nomes mais influentes da imprensa brasileira.

Ao longo da carreira, foi responsável pela criação e direção de algumas das publicações mais emblemáticas do país. Fundou as revistas Quatro Rodas, Veja, IstoÉ e, em 1994, a CartaCapital. Também esteve à frente da equipe que lançou o Jornal da Tarde, em 1966.

Durante a ditadura militar, enfrentou pressões e censura. Em 1968, a Veja publicou, sob sua direção, denúncia de 150 casos de tortura. A edição foi apreendida pelos militares, mas gerou impacto no debate público. O jornalista chegou a ser interrogado por agentes do regime, entre eles o delegado Sérgio Fleury, e manteve contato com o general Golbery do Couto e Silva, crítico da censura. Mino deixou a revista após recusar imposições dos militares, renunciando a indenizações trabalhistas.

Nos anos seguintes, dedicou-se a criar seus próprios espaços editoriais. A CartaCapital, nascida em 1994 com apoio de familiares e amigos, consolidou-se como uma revista crítica, completando 31 anos de atuação com reportagens sobre corrupção, abusos de poder e disputas políticas.

Além da atuação em redações, também foi escritor. Publicou romances como Castelo de Âmbar (2000), A Sombra do Silêncio (2003) e A Vida de Mat (2016). Recebeu ainda o título de doutor honoris causa pela Faculdade Cásper Líbero e o prêmio de Jornalista Brasileiro de Maior Destaque no Ano, concedido pela Associação dos Correspondentes da Imprensa Estrangeira no Brasil (ACIE).

“Mino Carta foi uma referência inescapável para gerações de jornalistas”, resumiu a direção da CartaCapital.

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