O impasse em torno do piso salarial da enfermagem voltou a expor as fragilidades no financiamento da saúde pública. Em Castro, técnicos e auxiliares da rede municipal foram surpreendidos com a suspensão do complemento federal que vinha garantindo a equiparação de seus vencimentos ao piso nacional. O corte, ocorrido no pagamento de agosto, gerou apreensão e revolta entre os profissionais que diariamente sustentam o atendimento à população.
A reunião realizada entre representantes da categoria e o governo municipal buscou amenizar o clima de incerteza. Os secretários de Governo e de Saúde garantiram que a Prefeitura não medirá esforços para assegurar a integralidade do piso, inclusive assumindo o pagamento com recursos próprios, caso o impasse com a União persista. Um projeto de lei deverá ser enviado à Câmara para regulamentar a suplementação, e a gestão promete, se possível, a retroatividade dos valores devidos.
É inegável que a postura da administração em dialogar e apresentar caminhos traz algum alívio. No entanto, o episódio evidencia a falta de previsibilidade no repasse de verbas federais e reforça a necessidade de que os municípios tenham um plano sólido para honrar compromissos com seus servidores. A enfermagem, que esteve na linha de frente durante a pandemia e continua sendo o alicerce do sistema de saúde, não pode conviver com atrasos, cortes inesperados e incertezas salariais.
Mais do que discursos tranquilizadores, a categoria precisa de garantias legais e financeiras que deem estabilidade à sua carreira. O respeito ao piso salarial não é um favor: é o reconhecimento de uma luta histórica e de uma profissão essencial. Cabe ao poder público, em todas as esferas, assegurar que os trabalhadores da saúde tenham não apenas promessas, mas a segurança de que seu esforço diário será valorizado de forma justa e permanente.
Em tempos de desafios para a saúde pública, é urgente que as palavras se transformem em ações concretas — porque cuidar de quem cuida de todos nós deve ser prioridade inegociável.
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