Morte de ex-secretário de associação em frente à casa causa comoção e revolta em Castro; líder comunitário pede justiça e respeito à memória da vítima

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Vinicius Fontes

Castro – A morte de Márcio Altair Machado, de 57 anos, na manhã gelada da última quarta-feira (25), causou forte comoção e revolta em moradores de Castro. Márcio foi encontrado sem vida nas proximidades da Avenida Rio de Janeiro, com sinais de hipotermia e ferimentos. A Polícia Civil aguarda o laudo do Instituto Médico Legal (IML) para dar sequência à investigação.

Em nota emocionada, o presidente da Associação de Moradores e Recicladores de Castro, Márcio Chechelaky, lamentou profundamente a perda do amigo e ex-secretário da entidade. “Peço à comunidade que não julgue pelas aparências. O homem encontrado morto, vítima de hipotermia e machucado não era indigente, tão pouco desocupado ou maloqueiro. Este homem tinha um nome. Márcio Altair Machado”, disse.

Natural de Curitiba, Márcio completaria 59 anos no dia 15 de julho. Reconhecido por sua habilidade como pintor e mecânico de fogões, ele também foi um pai carinhoso, segundo Chechelaky, que o conheceu em 2018 enquanto ele vendia salgados feitos pela então esposa. Logo após ser convidado a integrar a Associação, Márcio ganhou destaque e ocupou cargos de liderança, chegando a representar a entidade no Conselho de Habitação do Município.

Apesar do envolvimento comunitário, Márcio enfrentava a dependência química, vício do qual conseguiu se manter em remissão por dois anos. Entre 2019 e 2020, reconstruiu a vida: conseguiu moradia, voltou ao mercado de trabalho com manutenção de fogões e até comprou um carro. No entanto, em 2021, sofreu uma recaída, perdeu a casa e o contato com o filho, e passou a viver em um abrigo improvisado – um puxadinho doado pela própria Associação, onde ele foi encontrado.

O presidente da associação ainda disse que por várias vezes tentaram encaminhar ele para o AA [Alcóolicos Anônimos], destacando a complexidade da luta contra o vício e cobrando responsabilidade daqueles que exploram essa fraqueza. “Peço justiça, porém, aquele que vende droga. Justiça ao dono de bar que ao ver o seu cliente já bêbado, ainda tem coragem, de continuar a vender. Que todos prestem contas destes atos”, afirmou.

A morte de Márcio gerou manifestações de solidariedade nas redes sociais e reacendeu o debate sobre a vulnerabilidade das pessoas em situação de dependência e exclusão social, especialmente em dias de frio extremo.

O sepultamento do corpo de Márcio Altair Machado aconteceu na tarde desta sexta-feira (27), no Cemitério Nossa Senhora do Rosário. Segundo o divulgado pelo Serviço Funerário, não houve velório.

Negligência

Um suposto descaso do atendimento do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) foi muito repercutido nas redes sociais, já que testemunhas afirmam que ele ainda respirava quando foi encontrado, o que revoltou a população. Mesmo com diversos chamados, populares afirmam que a ambulância não foi rápida a tempo de atender enquanto ele estava vivo, e que até mesmo houve deboche por parte do atendimento pelo telefone.

O que sabe, é que momentos após o último chamada, duas ambulâncias – sendo a com enfermeiro e médico, foram ao local. Restou apenas à equipe Alfa ( com médico) atestar o óbito no local e acionar as autoridades competentes.

Procurada pela reportagem, a diretoria do CimSamu dos Campos Gerais, que responde pelo Samu em Castro, ainda não se pronunciou sobre o assunto, no entanto, ficou de enviar uma nota sobre o caso nas próximas horas.

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