Deputados e lideranças de Cascavel se manifestam contra o novo modelo de pedágio apresentado pelo Governo Federal
Da ALEP
Deputados, prefeitos, vereadores e lideranças da sociedade civil organizada da região Oeste do estado também estiverem presentes na audiência pública “O encerramento dos atuais contratos de pedágio e a nova licitação para concessões das rodovias paranaenses por mais 30 anos”, ocorrida nesta sexta-feira (5), na Associação Comercial e Industrial de Cascavel. O evento, organizado pela Frente Parlamentar sobre os Pedágios, da Assembleia Legislativa do Paraná, é o primeiro de uma série de 10 audiências que acontecerão nas principais cidades paranaenses.
Após a apresentação realizada pelo deputado Luiz Claudio Romanelli (PSB), que mostrou dados detalhados do atual modelo de pedágio e do modelo proposto pelo Governo Federal (ler mais), deputados estaduais se manifestaram durante a audiência falando sobre os problemas sofridos pela região Oeste com o atual modelo de pedágio e se posicionando para que os próximos contratos sejam executados de maneira que o menor preço seja praticado nas praças.
O deputado Coronel Lee (PSL) foi um dos primeiros a falar e disse que é o momento de dar toda a atenção ao debate sobre a nova modelagem de concessão de estradas no Paraná. “Estamos todos no mesmo barco. Isso que estamos lutando agora vai atingir as próximas gerações. Quando houve intervenção nos pedágios, em 2018, vimos que a situação estava complicada e agora é o momento de tomarmos os devidos cuidados para que isso não ocorra nos próximos 30 anos”, disse. “Nenhuma região foi tão penalizada. O nosso setor produtivo no Oeste sofreu muito e perdemos uma série de investimentos que deixaram de acontecer na região de Cascavel por causa dos custos do atual modelo de pedágio”, apontou o deputado Marcio Pacheco (PDT).
Para o deputado Professor Lemos (PT), a atual modelagem de concessão de estradas no estado aumentou muito o custo Paraná. “A tarifa de hoje afugenta investimentos, contribui para o desemprego e reduz receitas. Perdemos competitividade para os outros estados”, ressaltou. “A região Oeste sofreu como menos obras e menos investimentos. Nós paraenses precisamos nos unir para se fazer ouvidos pelo Governo Federal para que tenhamos um contrato de pedágio mais justo. Precisamos de uma nova concessão transparente”, complementou.
Um processo de licitação transparente foi pedido pelo deputado Gugu Bueno (PL), que lembrou também que além do pedágio caro, muitas obras deixaram de ser realizadas o que prejudica o desenvolvimento da região. “O pedágio é um mal para todo o Paraná, mas o setor produtivo do Oeste pagou nos últimos anos o pedágio mais caro e sofremos com o menor número de obras. Queremos licitação transparente, com as obras necessárias para q nossa região continue crescendo e com tarifa mais justa”, disse.
União
O deputado Evandro Araújo (PSC) também se manifestou a favor de uma união entre a classe política do estado e entidades da sociedade organizada. “A força vem do povo e da sociedade. Se não nos unirmos, perderemos essa batalha. Essa audiência catalisa essa união para evitar esse grande mal, que é essa proposta do Governo Federal. A melhor proposta é de menor tarifa e precisamos do povo do Paraná unido”, reforçou. “Tirando a pandemia, esse é o assunto mais importante para o estado. É uma responsabilidade e não podemos errar. Toda a sociedade tem que discutir e não apenas o governo. O antigo pedágio é um pesadelo”, destacou o deputado Tercilio Turini (CDN). “O momento é de debater o tema e ampliar a participação da comunidade para não deixar que o modelo de pedágio apresentado pelo Governo Federal seja implantado no Paraná. Estão propondo 15 novas praças de pedágio, tarifas ainda caras e receita de centenas de bilhões de reais para as concessionárias. Não é isso que os paranaenses querem. O Paraná não pode ser ainda mais prejudicado em concessões de 30 anos”, completou.
Segundo o deputado Homero Marchese (PROS), o modelo de pedágio proposto pelo Governo Federal é muito semelhante com a atual modelagem de concessões de rodovias. “O modelo apresentado tem tarifa alta e os mesmos riscos de aumento de tarifa anualmente, sem a obrigação de realização das devidas obras. É preciso pensar numa opção diferente com o preço menor e obras feitas. Há vários aspectos, como preço e degrau tarifado que precisam ser debatidos. Mas é preciso defender o usuário e não a concessionaria”, explicou. “Na apresentação do Governo Federal feita a nós deputados, falou-se apenas sobre como o pedágio é um bom negócio para as concessionárias. Não se falou, em nenhum momento, sobre os usuários das estradas no Paraná. O modelo apresentado é muito ruim”, alertou o deputado Requião Filho (MDB).
Tarifas baixas
“Nós temos 2.500 quilômetros de estradas pedagiadas com 20 praças. O novo modelo apresenta 15 novas praças para apenas cerca de 800 quilômetros a mais de rodovias com pedágio. É um pedágio pior que está vindo por aí. Sou contra essas novas praças, principalmente a praça entre Toledo e Cascavel”, afirmou o deputado Delegado Recalcatti (PSD). “Por que não fazer um contrato de 10 anos no lugar de um de 30? Por que não usar o Exército Brasileiro na manutenção de estradas? Podemos ter outros modelos de administração de estradas”, sugeriu o deputado Subtenente Everton (PSL).
Para a deputada Luciana Rafagnin (PT), o momento é delicado e de grande responsabilidade para toda a sociedade paranaense. “Ao longo das outas audiências vamos entender os anseios da população em relação ao novo modelo. Precisamos de eficiência no serviço, mas sem mais praças de pedágio. Estamos em crise e mais pedágio vai inviabilizar a economia do estado”, disse. “É incumbência dos deputados trabalhar por uma tarefa justa e módica. Não podemos mais tarifas caras. Sabemos que pra manter boas estradas precisa de dinheiro e precisamos de uma tarifa pelo menor preço e não por outorga”, destacou o deputado Nelson Luersen (PDT).
Custos
O deputado Soldado Fruet (PROS) ressaltou que a tarifa de pedágio atinge em cheio o custo de vida dos paranaenses. “Falei com um amigo que é transportador de cargas e ele me revelou que gasta mais com pedágio do que com a sua folha salarial. O Oeste do estado sofre há 20 anos por falta de investimento e Foz do Iguaçu perde com o turismo rodoviário, por exemplo, porque é mais barato viajar de avião do que de ônibus, muitas vezes”, relatou se mostrando também contrário ao aumento do número de praças de pedágio no estado. “Precisamos agir e creio que a nossa sociedade está agindo. Se não fizermos nada, vão nos enganar de novo. Precisamos do apoio dos deputados federais e dos senadores, inclusive”, completou.
“Nós temos que agir, se o povo não ajudar vão querer passar o 171 na nossa cabeça de novo. Esses quadrilheiros que roubaram o povo do PR durante 24 anos vêm agora com pedido de desculpas. E aí eu pergunto qual é a posição de cada deputado federal do Paraná?, destacou o deputado Delegado Jacovós (PL).
De acordo com o deputado federal Schavianto (PP), o novo modelo de pedágio é um tema que debate profundamente o futuro do estado do Paraná. “Em Brasília, a bancada paranaense está procurando ouvir e entender o novo modelo apresentado pelo Governo Federal, mas sempre resguardando os interesses do nosso estado. Vamos ouvir a população e sociedade civil organizado e, em seguida, vamos oferecer opções à União”, explicou.
Também participaram da audiência, de forma remota, os deputados Alexandre Amaro (Republicanos), Cantora Mara Lima (PSC), Luiz Fernando Guerra (PSL), Mabel Canto (PSC), Michele Caputo (PSDB) e Ricardo Arruda (PSL), além do deputado licenciado e atual secretário de Administração e da Previdência do Paraná, Marcel Micheletto.
Lideranças
Representantes da sociedade civil organizada de Cascavel e de toda região oeste também se manifestaram contrários ao modelo de concessão apresentado pelo Governo Federal. “As concessionárias se sentaram com os governantes e resolveram seus problemas. Não ouviu os usuários. O momento é de discutir e apresentar os nossos contrapontos às empresas e ao governo. Mas garanto que o modelo de outorga não garante investimento nenhum”, afirmou o presidente do Programa Oeste Desenvolvimento, Edson Vasconcellos.
Rodrigo Cirilo, presidente da Associação Paraná Menos Pedágio foi enfático ao afirmar que o Paraná não pode aceitar o modelo proposto pelo Governo Federal. “Nós pagamos a conta de um preço que não é justo. Os dados foram apresentados e esse modelo precisa ser renegado. É preciso pensar numa proposta, que seja do agrado de nós paranaenses. O Paraná exige respeito. Não queremos novas praças. Vamos lutar para que nossos diretos sejam respeitados. Que vença o preço justo”, disse.
“O Paraná está sufocado e precisa respirar. Esse pedágio sufoca empresários e cidadãos. Nós da construção civil precisamos de insumos, que estão cada vez mais caros justamente por causa das tarifas de pedágio praticadas em todo o estado. Esse sufoco impede o crescimento da economia. Precisamos de emprego e com pedágio caro isso não acontece”, alertou o presidente do Sindicato dos Trabalhadores da Construção Civil de Cascavel, Roberto Americano.
Para o presidente da Ordem dos Advogados do Brasil de Cascavel, Jurandir Parzianello Junior, é necessária mais transparência no debate que envolve o novo modelo de pedágio do estado. “Precisamos que as próximas audiências ocorram com acesso a todas as informações sobre a nova modelagem para que o debate seja produtivo. O setor produtivo não aguenta mais esse modelo de pedágio e a sociedade paranaense não suporta mais ser enganada. Queremos transparência durante todo o processo, do debate ao fechamento de contrato. Precisamos abrir a caixa de ferramenta. Chega de caixa preta da concessionarias”, declarou.
“Estamos na região mais distante do estado e o pedágio pesa muito pra nós do Oeste. As cooperativas se juntaram há quatro anos e pagamos uma auditoria e vimos de perto o custo pesado dessa taxa pro setor produtivo da região. Estamos encaminhando para gerar 100 mil empregos diretos nos próximos dois anos e cada emprego na agricultura gera 17 empregos indiretos. Por isso precisamos muito de um novo modelo. É o momento da virada”, destacou o presidente da Cooperativa Lar, Irineo Costa Rodrigues.
Perguntas
Antes do término da audiência, os deputados Tercilio Turini (CDN) e Evandro Araújo (PSC) responderam a questionamentos dos demais representantes da sociedade civil cascavelense e de seguidores que acompanharam a audiência pela TV Assembleia e pelas redes sociais da Assembleia Legislativa.
Foz do Iguaçu
A próxima audiência pública promovida pela Frente Parlamentar sobre os Pedágios da Assembleia Legislativa do Paraná acontece neste sábado (6), a partir das 9h30, em Foz do Iguaçu, na Associação Comercial e Empresarial do município. O evento será transmitido pela TV Assembleia e pelas redes sociais do Poder Legislativo.