Da assessoria
Curitiba – Depois de 37 anos, Itaipu está promovendo o maior e mais completo inventário do Refúgio Biológico de Santa Helena (RBSH), localizado no Oeste do Paraná. Ao longo de dois anos, pesquisadores de todo o País estarão no local coletando dados da flora, insetos, anfíbios, répteis, aves e mamíferos, de forma ininterrupta, para o Projeto Inventário de Biodiversidade e Avaliação da Rede de Interações Ecológicas.
Para garantir a segurança dos profissionais, que transitam pelas matas dia e noite, Itaipu pede colaboração da população, lembrando que o local só pode ser acessado por pessoas autorizadas. Em caso de dúvidas, acione a Polícia Ambiental, pelo número 181.
Em linhas gerais, o que se pretende é avaliar o processo de regeneração florestal, conhecer a diversidade de insetos, em especial abelhas, e suas espécies de plantas associadas, como fonte de recurso alimentar, de maneira a entender a estrutura da rede de interações ecológicas estabelecidas entre esses dois grupos taxonômicos, assim como identificar o status de conservação da fauna de vespas sociais, libélulas, borboletas, moscas e opiliões.
O projeto também fará o inventário da biodiversidade de anfíbios e répteis, além de investigar a possível origem dos organismos que colonizaram o Refúgio. Pretende-se também diagnosticar a riqueza, diversidade e abundância das aves e analisar a comunidade de mamíferos, investigando sua riqueza, abundância, ocupação e interações com a comunidade vegetal, além de avaliar os impactos das atividades humanas sobre esses grupos.
O último levantamento no RBSH foi feito em 1987, quando foi realizado um inventário de mamíferos e aves após o enchimento do reservatório. Parte dos animais silvestres resgatados foi enviada para lá. Mais tarde, a pedido de universidades, foram feitas novas pesquisas no local, mas de caráter pontual.
O levantamento inédito é uma parceria com o Itaipu Parquetec, com apoio da UTFPR Campus Santa Helena, Unila, o IFPR Campus Curitiba, o IFPR Campus Umuarama e IFSULDEMINAS Campus Inconfidentes.
História
Em 1978, a Itaipu Binacional autorizou a Diretoria de Coordenação a criar um refúgio biológico na futura Ilha de Santa Helena, a ser formada na área do reservatório, mas somente em 1984 o Refúgio foi oficialmente criado, com uma área de 1.482,05 ha. Até então, a área era ocupada por agricultores.
A política adotada pela Itaipu permitia a permanência dos(as) atuais moradores(as), mesmo após a desapropriação. A data limite para saída da área era novembro de 1981. No entanto, para a Ilha de Santa Helena este fato conflitava com a urgência do início dos trabalhos de recuperação florestal, já que o espaço abrigaria parte da fauna resgatada na operação Mymba Kuera (resgate de bichos).
Como solução ao impasse, foi realizada uma indenização denominada custeio-inventivo, referente à paralisação das atividades agrícolas, com a contrapartida de o(a) agricultor(a) fazer os plantios florestais e posteriores tratamentos culturais da área até a sua saída, em novembro de 1981.
Os plantios na área iniciaram efetivamente no início de 1980, utilizando uma metodologia de talhões monoespecíficos, utilizando ao todo 46 espécies vegetais, distribuídas em 200 blocos. Nos anos que se seguiram, foram realizados outros plantios de enriquecimento nas áreas de regeneração natural.
“Com o passar do tempo, é visível a evolução da floresta no Refúgio. O que pretendemos agora é entender como está este processo de restauração. As espécies que serão levantadas funcionam como indicadores de qualidade; são ferramentas essenciais”, explica Liziane Kadine Antunes de Moraes Pires, da Divisão de Áreas Protegidas, coordenadora das pesquisas do Eixo Biodiversidade no NIT II.
Segundo ela, essa pesquisa é análoga ao Censo demográfico, no qual são levantados dados sobre as condições de vida da população que fornecem valiosas informações para que a administração pública realize o planejamento social e econômico de um local. “O mote da pesquisa pretende ir além do visual; teremos a oportunidade de entender se esta floresta tem função, quais são as relações que nela existem e estruturar um plano de gestão da área, para os próximos 40 anos”, afirma Liziane.