Atentado ao Página Um News recebe repúdio de associações paranaenses

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Da Redação

Em uma onda de apoio e solidariedade, associações ligadas à atividade jornalística, condenaram de forma veemente o ataque que o jornal Página Um News sofreu na tarde de quinta-feira (26 de setembro), quando três jornaleiros foram impedidos de entrar no distrito do Socavão, município de Castro, sendo recebidos a tiros.
Para a Associação dos Jornais e Portais do Paraná – ADIPR, entidade a qual o Página Um News integra há mais de 20 anos, “mais do que um ataque físico, este episódio representa uma investida covarde contra o direito do cidadão de acessar a informação. A liberdade de imprensa não pode ser calada, e continuaremos firmes em nossa missão de garantir que a informação chegue livremente a todas as camadas da sociedade”.
Para outra entidade respeitável, a Associação Brasileira de Jornalistas de Turismo do Paraná – Abrajet PR, “cercear a circulação de um jornal, onde quer que seja, representa uma afronta aos direitos do cidadão ter acesso à notícia, seja quais forem, a favor ou contra a quem quer que seja. Os que se sentirem prejudicados têm a Justiça para buscar seus direitos. Que as autoridades policiais não meçam esforços para encontrar, além dos indivíduos que intimidaram os jornaleiros, os mandantes desse anto que cerceia a liberdade de expressão na sua forma mais vil: usando armas para calar a imprensa”. O documento é assinado por seu presidente, Jean Luiz Sampaio Féder.
Entenda o caso
Uma tarde de terror e medo a 100 metros do distrito do Socavão, município de Castro, foi o que passaram três jornaleiros contratados pelo Página Um News na quinta-feira (26), quando um carro atravessou a rodovia e obstruiu a passagem deles. Eles entregariam uma certa quantidade de jornais, a exemplo do que fizeram na área urbana e bairros do município.
Alexsandro de Avila (Xu), um dos jornaleiros e morador em Ponta Grossa, foi o que mais vivenciou o atentado, inclusive sendo alvo do atirador. “Passamos por uma viatura da polícia no início do trajeto e a 100 metros da entrada do Socavão nos deparamos com um veículo atravessado, tinha muita poeira na estrada. O carro parecia uma Oroch, de cor escura, talvez cinza. Jonas e Polaco, meus colegas nas outras duas motos, conseguiram parar um pouco atrás, eu tentei frear, momento em que um homem saiu do carro e esticou os braços obstruindo a minha passagem. Como eu estava em velocidade, freei o que pude e acabei batendo no carro. Verifiquei que quebrou um dos meus espelhos e minha lanterna de pisca. Perguntei o porque de fazer isso, e ele respondeu que era para a gente vazar [ir embora], que nós não tinhamos nada o que fazer no Socavão, e bastante nervoso veio a sacar a arma e atirar duas vezes para o alto, sem antes apontar o revólver em minha direção”.
Perguntado pela reportagem se o acontecido tinha a ver com o jornal que levavam, Alexsandro disse que “acredito que sim, pois qual seria o motivo para não deixar a gente passar, pois nem nos conhecia, muito menos a gente conhecia ele”.
Na sequência, “após os tiros, dei meia volta, e junto com os outros dois jornaleiros retornamos para a cidade e fomos à sede do jornal, com ele nos seguindo por um bom trecho, inclusive voltando a atirar em nossa direção”, acrescentou Alexsandro.
Questionado se poderia dar mais detalhes sobre o ocorrido, Alexsandro disse que “no interior do carro, que continuava atravessado, saiu uma mulher loira, vestida de camiseta azul e calça jeans clara, que filmava todo a situação”. Quanto a placa do carro ou as características do atirador, o jornaleiro respondeu que “não deu para ver a placa, mas reparei que ele era moreno, cabelo meio grisalho, altura em torno de 1,70, e usava bermuda escura. Outra característica foi a forma que empunhou a arma, demonstrando ter familiaridade com a pistola”, assinalou o jornaleiro.
“Durante o retorno até o jornal, parei a moto e liguei para Sandro Carrilho [diretor do Página Um News], expliquei a situação, o qual me disse para voltarmos para a sede do jornal, e evitar qualquer tipo de confronto, e foi o que fizemos”, destacou.
Questionado se a atitude do motorista do carro foi de alguém que poderia matá-lo, o jornaleiro disse que “em certo momento sim”, que sentiu muito medo, e que em mais de 20 anos de profissão, nunca havia passado por nada igual.

Boletim de ocorrência
Na tarde de segunda-feira (30), o jornaleiro Alexsandro de Avila, acompanhado do diretor do jornal Página Um News, jornalista Sandro Adriano Carrilho, registrou boletim de ocorrência na 43ª Delegacia Regional de Polícia de Castro. De acordo com o que foi descrito no boletim, o caso foi enquadrado como crimes de ameaça, contra a pessoa, contra o patrimônio e disparo de arma de fogo (Lei n 10.826/03).

Opinião do jornal
Para Sandro Adriano Carrilho, a ação é inaceitável é deve ser investigada com profundidade. “Não podemos cruzar os braços diante de uma situação de ameaça, intimidação e violência, em que três trabalhadores foram impedidos de exercer sua profissão. Não tenho dúvidas que esse crime também é contra a liberdade de imprensa, orquestrado por um grupo político, que impediu que o jornal que trazia um farto conteúdo jornalístico, fosse distribuído no distrito do Socavão. O castrense, as famílias de bem, aqueles que prezam seus lares, não podem ficar a mercê desses marginais, bandidos, vestidos de salvadores. Espero que a polícia aja com rigor, que descubra quem é esse marginal, e quais as pessoas envolvidas por trás desse crime, para que na continuidade seja feita justiça”, disse Carrilho.

Depoimento
Na manhã de terça-feira (1), o jornaleiro Alexsandro de Avila foi ouvido pelo delegado de polícia Marcondes Alves Ribeiro, titular da 43ª DRP, onde detalhou todo o ocorrido. Inquérito policial foi aberto para investigar o caso, e em 30 dias deverá ser concluído.

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