O ataque ocorrido na quinta-feira (26), no Distrito do Socavão, município de Castro, em que jornaleiros do Página Um News foram recebidos a tiros enquanto realizavam a distribuição de exemplares, não pode ser tratado como um incidente isolado. Este episódio simboliza algo muito mais profundo e preocupante: um ataque direto à liberdade de imprensa, um dos pilares fundamentais de qualquer sociedade democrática.
A violência vivida pelos três trabalhadores que, cumprindo com seu dever de informar a população, foram impedidos de prosseguir com seu trabalho, é reflexo de uma escalada de intolerância que visa amordaçar a imprensa e, por consequência, a verdade. O relato de Alexsandro de Ávila, um dos jornaleiros envolvidos, deixa claro o clima de intimidação e desrespeito. Ao serem ameaçados com disparos e perseguidos, eles se viram diante de uma tentativa clara de silenciamento. Mais que um ataque físico, o episódio representa uma tentativa covarde de sufocar o direito do cidadão de ter acesso à informação.
Não podemos ignorar a suspeita levantada pela direção do jornal de que o crime está diretamente ligado ao conteúdo da edição em questão, que denunciava supostas irregularidades envolvendo o prefeito local. Se confirmada essa hipótese, estaríamos diante de um grave atentado contra a liberdade de expressão e, consequentemente, contra o direito à verdade. A imprensa tem o papel fundamental de investigar e denunciar irregularidades, independentemente de quem esteja no poder. Qualquer tentativa de cercear esse direito é uma ameaça direta ao equilíbrio democrático.
Em um país onde o direito à informação é garantido pela Constituição, é inadmissível que trabalhadores da imprensa sejam impedidos de exercer sua profissão por meio da força e da intimidação. O uso de armas, a perseguição e a tentativa de silenciamento não devem encontrar espaço em nossa sociedade. Se a violência contra jornalistas se tornar uma prática comum, estaríamos abrindo um perigoso precedente para a censura e o autoritarismo.
