Cleucimara Santiago
Distribuída em tempo recorde em todas as 22 regionais de saúde do Paraná, as 86.500 doses da vacina AstraZeneca, desenvolvidas em parceria com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) seguiram um longo caminho até chegarem aos braços dos paranaenses. Após alguns entraves políticos, na quinta-feira (21), o governo da Índia liberou a exportação para o Brasil das dose desenvolvidas pela farmacêutica britânica AstraZeneca e pela Universidade de Oxford, fabricadas no Instituto Serum da Índia, o maior produtor mundial de vacinas.
Na quinta-feira (21), o voo comercial, Boeing 777-300 da companhia Emirates saiu de Mumbai da Índia, carregado com 2 milhões do imunizante da AstraZeneca contra a covid-19, e chegou na sexta-feira (22), em torno das 17h30, no Aeroporto Internacional de São Paulo, localizado em Guarulhos. Passou pelos trâmites legais alfandegários, e seguiu em uma aeronave da companhia Azul para Aeroporto Internacional Tom Jobim, no Bairro do Galeão na Ilha do Governador no Rio Janeiro. Às 22 horas a aeronave pousou no Galeão e recebeu um batismo simbólico com jatos de água em forma de arco pelos bombeiros do Aeroporto. Com escolta da Polícia Federal (PF), seguiram em caminhões refrigerados para o Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos (Bio-Manguinhos/Fiocruz). No laboratório da Fiocruz, cumprindo exigência da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), passaram criteriosas análises de segurança pelos técnicos, nova rotulagem com etiquetas com informações em português. Esse processo todo começou ainda na madrugada e se estendeu até o meio da tarde de sábado (23), após a conclusão do trabalho de controle. Os imunizantes foram liberados e devolvidos ao Ministério da Saúde à tarde para a distribuição aos estados.
Paraná
O lote que coube ao Paraná, chegou às 23h14 de sábado (23) no voo comercial 4768 da Azul no Aeroporto Internacional Afonso Pena, em São José dos Pinhais, na Grande Curitiba, e foi recebido secretário de estado da Saúde, Beto Preto, e sobre escolta levado ao Centro de Medicamentos do Paraná (Cemepar) para serem separadas.
No domingo (24), às 6h30, com os caminhões saindo do Cemepar e aeronaves do Aeroporto do Bacacheri, em Curitiba, iniciou-se a distribuição das 86.500 doses para as 22 regionais de saúde que agregam os 399 municípios do estado.
Região
Representantes e o chefe da 3ª Regional de Saúde de Ponta Grossa, Robson Xavier, foram até o Cemepar buscar as 4.090 doses das dozes cidades que fazem parte da referida regional. Na Regional, as doses foram separadas e no domingo mesmo, já na parte da manhã, quase todos os municípios já tinham retirado a sua cota, sendo assim distribuídas: Arapoti recebeu 130 doses, Carambeí 100, Castro 300, Ipiranga 80, Ivaí 60, Jaguariaíva 170, Palmeira 180, Piraí do Sul 140, Ponta Grossa 2.780, Porto Amazonas 30, São João do Triunfo 60, Sengés 60. A 21ª Regional de Saúde de Telêmaco Borba recebeu 2.640 doses da AstraZeneca, sendo para Curiúva 60 doses, Imbaú 100, Ortigueira 110, Reserva 80, Telêmaco Borba 360, Tibagi 110 e Ventania 60.
Já as 8 horas da segunda-feira (25), todos os municípios já haviam começado a aplicar os imunizantes, seguindo o Plano Estadual de Vacinação, que acompanha a mesma linha do Programa Nacional de Imunização (PNI) do Ministério da Saúde. Essa fase expande o alcance da proteção ao grupo prioritário, formado por profissionais de saúde, pessoas em Instituições de Longa Permanência para Idosos (ILPI), pessoas com deficiência severa e indígenas. Pessoas que furarem a fila de vacinação podem responder criminalmente pelo ato.
Na semana passada já havia sido distribuído o primeiro lote de vacinas, formado pelo imunizante CoronaVac do laboratório chinês Sinovac em parceria com o Instituto Butantan, que precisará de uma dose de reforço entre duas a quatro semanas. Já as doses da Astraazeneca o intervalo de aplicação das doses é de 120 dias. O estado realizou uma reserva da Coronavac para a segunda dose. A AstraZeneca tem um espaço maior de tempo para a segunda dose, o Estado não fez reservas, preferindo esperar receber uma nova remessa.
Mesmo com o início da vacinação, os cuidados não devem ser relaxados, e continuam valendo as medidas restritivas de evitar aglomerações, toque de recolher e uso obrigatório de máscara e álcool em gel, além das recomendações de lavar as mãos com sabão constantemente e manter distanciamento.
Previsões
O ministro Eduardo Pazuello, em pronunciamento ao receber no aeroporto as vacinas da Índia, afirmou que espera a chegada de mais uma leva dos imunizantes no início de fevereiro. A previsão é que o Brasil receba nos primeiros 15 dias, mais 4 milhões de doses da AstraZeneca vindos do Instituto Serum, em Mumbai.