Matheus de Lara
Depois de um ano atípico provocado pela pandemia do coronavírus e que ainda estamos vivendo, o mercado imobiliário teve que se adaptar para atender as necessidades de novos e velhos clientes.
Segundo o Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M), que tem referência para a correção nos valores de contratos em aluguéis de imóveis, a inflação do aluguel fechou 2020 com alta de 23,14%, maior registro desde 2002 quando acumulou 25,31%.
Somente nos primeiros dias do novo ano para quem aluga, o índice divulgou alta de 1,89% na primeira prévia para janeiro desse ano. O resultado mostra que a taxa de 12 meses passou de 23,52% para 24,87%.
Para a pesquisa de Indicadores Imobiliários Nacionais, em dados recentes divulgados em novembro, a venda de imóveis novos no Brasil cresceu 8,4% de janeiro a setembro de 2020, mesmo em ano de pandemia, em relação ao ano de 2019. Por outro lado, o reajuste de aluguel residencial, de acordo com o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), assustou os inquilinos e encerrou o ano também em alta retratando 2,77%.
Em Castro
Na cidade de Castro, a reportagem do Página Um News, conversou com dois profissionais do ramo imobiliário para saber como foram as vendas e os aluguéis em 2020, e o que esperar do novo ano.
Em entrevista, o proprietário Walter Hampf, da imobiliária Novo Rio, disse que 2020 poucos contratos foram reajustados entre os clientes, e que a pandemia prejudicou mais as vendas. “Principalmente nas locações comerciais foram realizados conversas com os clientes, e as locações de residências foram tranquilas. Com o ano de pandemia, no mês de Maio e Junho aconteceram os acordos de negociações com os inquilinos. As vendas foram as que mais caíram por conta da covid, para fechar os contratos, sendo que a maioria não queria tirar dinheiro”, disse.
“Hoje, em média, temos 400 locações e somente uma casa para alugar e, em média, cinco pessoas querem ver uma casa para alugar. Mas não somente em ano de pandemia que o aluguel cresceu significativamente, a média de preços ficou entre R$ 500 até R$ 4 mil. Já o preço das locações comerciais é diferente o qual sai por R$ 2 mil”. Para Walter, em 2021 a expectativa é de melhora no setor.
Para Cristina Salgado, consultora imobiliária da Prática Imóveis, destaca que o ano enfrentado pela crise da Covid-19, o ramo imobiliário foi pouco afetado. “O setor de vendas, diante de um quadro econômico caótico e incerto, o investimento em imóveis ainda tem se consolidado como melhor opção em se tratando de segurança e valorização. Já o setor de locação, podemos analisar sob dois aspectos: a locação residencial teve grande migração de locações mais caras para mais baratas, enquanto as comerciais, tivemos uma sútil queda no primeiro trimestre, consequência de um momento econômico inseguro. Os clientes estão mais negociantes, mais analíticos e isso não é ruim, talvez seja o lado positivo de se atravessar uma grande crise”.
Cristina descreve o segundo semestre de 2020 como mais tranquilo, e que não chegou a haver queda significativa nos preços de imóveis. “Os reajustes tiveram um grande impacto, e certamente isso trouxe por parte dos inquilinos os chamados acordos. Pudemos ver locador, locatário e imobiliárias de mãos dadas para encontrar paliativos e alternativas confortáveis”, disse. Para a consultora, o novo ano deve ser de melhora, “não esperamos que seja fácil. Cremos que devemos sim tratar a pandemia com a seriedade que merece, pelas questões sanitárias”, aponta.
Na visão de Cristina, os valores de locação são distintos. “Residencial gira em torno de R$ 600 a R$ 3.500. Em média uma residência bem localizada está em torno de R$ 1.500. Para venda, temos o ponto de partida que são os imóveis abarcados por programas sociais habitacionais, na faixa de R$ 140 mil, além da boa oferta para imóveis de alto padrão, a partir de R$ 1 milhão. A grande demanda ainda é por sobrados e casas na faixa de R$ 500 mil, mas há incidência de procura por casas de R$ 450 a 600 mil”, completa.